História, perguntado por yuguihoo123, 1 ano atrás

por favor leen esse texto e reponda

Senhor,

posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a no-
tícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também

dar disso minha conta a Vossa Alteza. [...]

A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. An-
dam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas

do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço debaixo furado
e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de
algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes
fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que
não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber.
Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobrepente, de
boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a
fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do comprimento de
um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos,
pena por pena, com uma confeição branda como, de maneira tal, que a cabeleira era mui redonda e mui
basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar. [...]
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo
cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. [...]
Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro
animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há
muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos
e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.

Nesse dia, enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tam-
boril nosso, como se fossem mais amigos nossos do que nós seus. [...]

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vi-
mos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho,

porque neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal manei-
ra é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!

Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a
principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza
aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir
e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!
E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. [...]
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Carta de Pero Vaz de Caminha.
CAMINHA, Pero Vaz de. A carta. Disponível em: action=&co_obra=2003>. Acesso em: 14 nov. 2013.

5-É possível afirmar que Caminha foi capaz de compreender as diferenças entre a sua cultura e a dos indígenas? Utilize como exemplo da sua resposta um trecho do texto.

Soluções para a tarefa

Respondido por jullynott
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5- Não, pois disse que os indígenas não haviam crenças e que eram inocentes; "Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo
cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências."
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