Por favor alguém me ajuda !!!!
Naquele dia minha mãe começou a namorar aquele cara. O nome dele era Alfredo e ele era engenheiro e trabalhava na Ford. E minha mãe saía quase toda noite com ele e deu pra se arru- mar e ia ao cabeleireiro e comprava umas roupas bonitas, saía sempre de meias pretas. Um dia ela disse que ele vinha jantar e que eu ia ficar conhecendo o filho dele, que tinha um filho chamado Pedro, que era muito simpático, tinha 14 anos e estava estudando no Equipe e que eu ia gostar muito dele, que ele jogava futebol de salão na Associação Cristã de Moços. Eu falei “que careta!” e a minha mãe ficou louca da vida e disse “não vai dar uma de sogrinha agora, vai?”e eu saí do quarto e bati a porta com toda a força. E quando eles chegaram minha mãe já estava toda pronta, esperando, e ela tinha feito aperitivos e salgadinhos e sopa de tomates e a casa inteira estava cheirando a bifes que a Irene estava fritando. E eu demorei bastante, eu não estava com vontade nenhuma de conhecer ninguém e quan- do eu desci minha mãe me olhou feio, que eu desci de jeans e tênis e o jeans estava esfiapado embaixo e o tênis estava meio sujo, não muito. E em vez de pentear o cabelo bonitinho, que nem ela tinha recomendado, eu tinha feito um rabo-de-cavalo bem malfeito e tinha amarrado uma tira que era cinto de um vestido velho. O Alfredo fingiu que não viu que eu estava toda desarrumada e até me beijou. Mas o Pedro ficou me olhando com um ar de gozação que eu tive vontade de dar um chute nele. O Alfredo não era muito chato, não. Mas ele tinha estudado nos Estados Unidos e não falava noutra coisa. Porque Nova Iorque isso, porque Nova Iorque aquilo, porque minha univer- sidade, a piscina da universidade, a biblioteca da universidade, um enjoo. Aí ele ficava dizendo que o Pedro ia estudar em Indiana, que é um lugar lá nos Estados Uni- dos, porque todo rapaz deve estudar fora do país e aí eu disse “e moça, não deve?” e ele ficou sem jeito, porque minha mãe estudou fora uns tempos e ele disse “ah, deve, todo mundo deve estudar fora! Minha mãe e o Alfredo estavam impossíveis, ficavam se olhando com cara de bobos o tem- po todo e de repente eu tive um palpite “esses dois vão se casar” e eu não achei graça nenhuma. Eu comecei a pensar ‘e se eles casarem mesmo?’ ”Será que a gente vai morar aqui ou vai pra casa deles?” E me deu uma raiva, que eu não queria sair da minha casa, mudar de bairro “vai ver que eles vão querer que eu mude de colégio, também. Eu não mudo! Nem que eu vá morar na casa do meu pai!” E aí o Alfredo estava falando dos Estados Unidos e eu disse “eu não gosto dos Estados Unidos. Eu sou comunista.” O Alfredo e minha mãe só faltaram cair da cadeira, mas o Pedro começou a rir e disse “e você sabe o que é comunista?” e eu falei “claro que sei!” E ele disse “um dia desses você me conta.” Ia ser um desastre completo se a sobremesa não fosse de sorvete com calda de caramelo e aí eu descobri que o Alfredo era louco por sorvete e ele me prometeu levar pra tomar o maior sorvete de São Paulo, só nos Estados Unidos é que fazem tão grande. E aí minha mãe foi mostrar a casa pro Alfredo e eu e o Pedro ficamos na sala e ele falou “não adianta emburrar, menina, que esses dois vão se amarrar e nós vamos acabar morando juntos.” Eu joguei uma almofada em cima dele e derrubei o vaso com as flores que o Alfredo tinha trazido pra minha mãe e os dois vieram correndo ver o que tinha acontecido e eu queria matar o Pedro, que ele estava se divertindo muito com o que estava acontecendo. Rocha, Ruth. De repente dá certo. 14 ed. São Paulo: Salamandra, 1986.
1. Quais as principais características da narradora-personagem?
2. Indique a progressão na animosidade de Beatriz com as visitas, especialmente com o Pedro.
3. Como você justificaria o tom coloquial da narrativa?
4. Que elementos, na forma de narrar, sugerem um final sem grandes dramas?
5. Que palavra ou expressão é usada para introduzir o momento da chegada de Alfredo e Pedro?
6. Releia os trechos a seguir e diga qual é o sentido das expressões sublinhadas:
a) – Eu falei “que careta!”
b) – . e a minha mãe ficou louca da vida e disse “não vai dar uma de sogrinha agora, vai?”
Soluções para a tarefa
Respondido por
2
Resposta:
eu q não vou ler isso ;-;;-;-;-;-;7;7;
junin404:
pfvr
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