poesia sobre covid 19, isolamento social e voltas as aulas
Soluções para a tarefa
Resposta:
Após o carna-val
Do vendaval da carne
A quaresma en-carna
Reclusos no Karma
De um auto isolamento
Ainda dúbio de momento
Adestramento de movimento
Mas eu tento, neste intento
Para a carne, um alento
Vida que é escolha
Convoca à renúncia.
Denúncia de negação.
A um vírus invisível
Uns dizem sim
Outros dizem não
Interdependência que desafia
Coexistência que alerta
Se há carne, pode haver putrefação.
Contaminação.
A pandemia que exala
O que quase todo mundo cala
Sobre o que quase não se fala
O recalque: o desfalque.
Essa falta mais faltosa ainda
O buraco sem fundo
Essa angústia que não finda
Afeto de final de mundo
E tu, e eu e ele, mais humanos, mais ainda
Mas, olho as prateleiras vazias
E vejo um escarro imundo:
Não há oração para todas as crias.
Quarenta e quatro anos tenho
Quaresma não faço
Não sou feita de aço
Tenho pulmões a pleno vapor
Cabeça pensante, labuta constante
Mas a falta de ar afirma
Sim, há um temor
E nesse Isso tem algo que me traga
Me inspira e me murcha
Me melhora e me estraga
E a quarentena resolve:
A ti, o que te move?
Não sou canalha
Enxergo o fio da navalha
Não tenho casta
Reconheço uma “pessoa nefasta”
E por mim sou quase inominável
Estou por um triz, atriz, abominável
Pela falta de paciência
Minha acidez queima e crema
Como esse álcool que ora reina
Encharca a taça, em gel higieniza
Vale a analgesia para ficar na própria companhia
E na escuta de tanta gente que, na blasfêmia, teoriza
Hipócrates e hipocrisia
Covid e cova
Eu quero é prova
De que tu e os teus
Nas tramóias de alcova
Vão se colocar na reta
A mim não me desinfeta
A mim também não me infecta
Porquê não adianta só saber
Tem que saber-fazer
Reconhecimento de um Desejo
E meu ensejo, por hora
É tão somente,
in-conscientemente: viver.
Explicação: