Português, perguntado por nikson7654321, 1 ano atrás

poemas com alternadas abab

Soluções para a tarefa

Respondido por maiurizinha17
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Nel Mezzo Del Camim(Olavo Bilac)

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.


O Sabiá e o Gavião
  (Patativa do Assaré)


Eu nunca falei à toa. 
Sou um cabôco rocêro, 
Que sempre das coisa boa 
Eu tive um certo tempero. 
Não falo mal de ninguém, 
Mas vejo que o mundo tem 
Gente que não sabe amá, 
Não sabe fazê carinho, 
Não qué bem a passarinho, 
Não gosta dos animá. 

Já eu sou bem deferente. 
A coisa mió que eu acho 
É num dia munto quente 
Eu i me sentá debaxo 
De um copado juazêro, 
Prá escutá prazentêro 
Os passarinho cantá, 
Pois aquela poesia 
Tem a mesma melodia 
Dos anjo celestiá. 

Não há frauta nem piston 
Das banda rica e granfina 
Pra sê sonoroso e bom 
Como o galo de campina, 
Quando começa a cantá 
Com sua voz naturá, 
Onde a inocença se incerra, 
Cantando na mesma hora 
Que aparece a linda orora 
Bejando o rosto da terra. 

O sofreu e a patativa 
Com o canaro e o campina 
Tem canto que me cativa, 
Tem musga que me domina, 
E inda mais o sabiá, 
Que tem premêro lugá, 
É o chefe dos serestêro, 
Passo nenhum lhe condena, 
Ele é dos musgo da pena 
O maiô do mundo intêro. 

Eu escuto aquilo tudo, 
Com grande amô, com carinho, 
Mas, às vez, fico sisudo, 
Pruquê cronta os passarinho 
Tern o gavião maldito, 
Que, além de munto esquisito, 
Como iguá eu nunca vi, 
Esse monstro miserave 
É o assarsino das ave 
Que canta pra gente uví. 

Muntas vez, jogando o bote, 
Mais pió de que a serpente, 
Leva dos ninho os fiote 
Tão lindo e tão inocente. 
Eu comparo o gavião 
Com esses farão cristão 
Do instinto crué e feio, 
Que sem ligá gente pobre 
Quê fazê papé de nobre 
Chupando o suó alêio. 

As Escritura não diz, 
Mas diz o coração meu: 
Deus, o maió dos juiz, 
No dia que resorveu 
A fazê o sabiá 
Do mió materiá 
Que havia inriba do chão, 
O Diabo, munto inxerido, 
Lá num cantinho, escondido, 
Também fez o gavião. 

De todos que se conhece 
Aquele é o passo mais ruim 
É tanto que, se eu pudesse, 
Já tinha lhe dado fim. 
Aquele bicho devia 
Vivê preso, noite e dia, 
No mais escuro xadrez. 
Já que tô de mão na massa, 
Vou contá a grande arruaça 
Que um gavião já me fez. 

Quando eu era pequenino, 
Saí um dia a vagá 
Pelos mato sem destino, 
Cheio de vida a iscutá 
A mais subrime beleza 
Das musga da natureza 
E bem no pé de um serrote 
Achei num pé de juá 
Um ninho de sabiá 
Com dois mimoso fiote. 

Eu senti grande alegria, 
Vendo os fíote bonito. 
Pra mim eles parecia 
Dois anjinho do Infinito. 
Eu falo sero, não minto. 
Achando que aqueles ***** 
Era santo, era divino, 
Fiz do juazêro igreja 
E bejei, como quem bêja 
Dois Santo Antõi pequenino. 

Eu fiquei tão prazentêro 
Que me esqueci de armoçá, 
Passei quage o dia intêro 
Naquele pé de juá. 
Pois quem ama os passarinho, 
No dia que incronta um ninho, 
Somente nele magina. 
Tão grande a demora foi, 
Que mamãe (Deus lhe perdoi) 
Foi comigo à disciprina. 

Meia légua, mais ou meno, 
Se medisse, eu sei que dava, 
Dali, daquele terreno 
Pra paioça onde eu morava. 
Porém, eu não tinha medo, 
Ia lá sempre em segredo, 
Sempre. iscondido, sozinho, 
Temendo que argúm minino, 
Desses perverso e malino 
Mexesse nos passarinho. 

Eu mesmo não sei dizê 
O quanto eu tava contente 
Não me cansava de vê 
Aqueles dois inocente. 
Quanto mais dia passava, 
Mais bonito eles ficava, 
Mais maió e mais sabido, 
Pois não tava mais pelado, 
Os seus corpinho rosado 
Já tava tudo vestido. 

Mas, tudo na vida passa. 
Amanheceu certo dia 
O mundo todo sem graça, 
Sem graça e sem poesia. 
Quarqué pessoa que visse 
E um momento refritisse 
Nessa sombra de tristeza, 
Dava pra ficá pensando 
Que arguém tava malinando 
Nas coisa da Natureza. 

Na copa dos arvoredo, 
Passarinho não cantava. 
Naquele dia, bem cedo, 
Somente a coã mandava 
Sua cantiga medonha. 
A menhã tava tristonha 
Como casa de viúva, 
Sem prazê, sem alegria 
E de quando em vez, caía 
Um sereninho de chuva.



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