poema sobre globalização e meio ambiente
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Resposta:
Natureza morta – Reginaldo Pinto
Senhor perdoa a nossa grande inteligência
De saber extrair lá do fundo do seio da terra
O seu sangue negro e transformá-lo
Em gasolina para nossos carros
Em diesel, para nossas fábricas
Em gás para preparar os nossos alimentos
Em querosene para os aviões
Em plásticos para impermeabilizar o nosso dia a dia.
Senhor perdoa nossa grande inteligência
De achar bonita uma árvore sem folhas e sem frutos
Vítima das chuvas ácidas, encharcadas de óxidos de enxofre.
Que destroem nossas fontes de alimentação
E somos obrigados a consumir alimentos
Inventados pelo homem
Que dentro de sua modernidade destrutivas
Chamam de Organismos Geneticamente Modificados Ou transgênicos.
É o futuro chegando…
Senhor perdoa a nossa grande inteligência
De tentar explicar às crianças
Por que os peixes morrem afogados
Em óleo e espumas contaminadas,
E tentamos lavar a água dos rios
Com cal, flúor e alumínio.
Para matar nossa sede.
E o mar de tão poluído está cinza
Sua vida marinha morrendo, com tantos venenos.
Os riachos, outrora cristalinos,
Onde pescava-mos quando criança
Não existem mais, hoje é um valão fedido de esgoto.
Uma verdadeira cloaca.
Senhor perdoa a nossa grande inteligência
De achar que o ar da cidade cheio de anidrido sulfuroso
Ácido de nitrogênio, monóxido de carbono, gás carbônico
Hidrocarbonetos, radioatividade…
É saudável para nossos filhos, que estão vivendo
Em desertos de concretos, cercados por uma montanha de aço
Tornando-se a crianças acinzentadas
Onde só conhecem o verde pelos filmes da TV.
Senhor perdoa a nossa grande inteligência
De querer modificar o que foi construído por você
E tentar imitar a natureza clonando homens.
Em vidros transparentes, uns, iguais aos outros
Impedindo assim a seleção natural da vida.
Construindo homens.
Estes, desprovidos de talentos e emoções
Os quais muito em breve estarão sendo vendidos
Em lojas hospitalares do primeiro mundo a preços módicos
E financiados em seis vezes, com garantia de um ano contra acesso de raiva.
Perdoa senhor, a nossa grande inteligência,
De produzir chorume, algas, clorofluorcarboneto, efeito estufa, desmatamento,
Queimadas, partículas sólidas, poluentes minerais, fuligem, transgênicos, clone,
Crianças inexatas, aquecimento global…
E o grande mal que amedronta a humanidade.
A decomposição dos átomos, enriquecidos e contaminados com urânio,
Que junto com plutônio transforma-se na bomba atômica, aliado ao aquecimento global.
Poderão acabar com o Planeta Terra.
Perdoa Senhor, minha pequena sabedoria
De saber que sou semelhante a vós,
E que neste exato momento,
Em meio à grande individualização global,
Onde a vida não tem valor
Onde o ar está poluído, a água podre
O solo envenenado, e o homem alienado.
De que adianta ter sabedoria, inteligência,
Modernidade.
Ser humano…
Eu queria deixar de ser Vossa Imagem, Senhor
“E ser civilizado como os animais”.
Explicação: