Português, perguntado por dotidaroz, 4 meses atrás

Poema em linha reta
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles principes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
O príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
1. O que o poeta quis dizer com os dois primeiros versos do poema?
2. Por que o poeta fala de conhecidos e não de amigos?
3. Como podemos interpretar o verso: "Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo"?
4. Como se apresenta o eu-lírico?
5. O que o poeta quis dizer com: "Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil”?
6. Na verdade, o eu-lírico faz uma denúncia. Qual?
7. Justifique o título considerando o contexto do poema.
8. Qual é a crítica que o autor faz ao comparar gente a semideuses?
pode me ajudar? tenho que entregar hoje!​

Soluções para a tarefa

Respondido por sulyannep8hkh4
5

Resposta:

1. O que o poeta quis dizer com os dois primeiros versos do poema?

Que ele nunca tinha visto alguém que tenha passado por dificuldades na vida ,porque todos em sua volta parece que tem uma vida muito boa .  

2. Por que o poeta fala de conhecidos e não de amigos?

Porque a falta de sinceridade dessas pessoas o afasta delas  

3. Como podemos interpretar o verso: “Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo”?

O poeta julga-se o único ser errado do mundo

4. Como se apresenta o eu-lírico?  

Apresenta-se como um covarde, vil, sujo, um ser ridículo.

5. O que o poeta quis dizer com: “Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil”?  

Todos calam sobre seus erros e só falam das suas virtudes e vitórias.

6. Na verdade, o eu-lírico faz uma denúncia. Qual?  

Denuncia a hipocrisia e a falsidade das pessoas.

7. Justifique o título considerando o contexto do poema.  

As pessoas que vivem “disfarçando” suas verdades têm um comportamento sinuoso, e o poeta, ao declarar suas fraquezas, demonstra-se honesto, reto.

Explicação: a 8 eu não sei , desculpa .


sulyannep8hkh4: vcs sabem qual e
sulyannep8hkh4: qual é a 8 ??
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