Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
Que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
Não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
Pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta o meu
coração.
Porém meus olhos
Não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte.
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos de bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
Mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
Mas essa lua
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo.
Este poema foi retirado de Antologia Poética, de Carlos
Drummond de Andrade, página 13. Assinale a
alternativa que não corresponde às ideias expressas no
texto:
a) A expressão ser gauche na vida carrega um sentido
negativo e pode-se entender como ser marginalizado, à
esquerda, à margem dos acontecimentos.
b) Ocorre uma relação antitética entre sentimento e
sentido, pois a transparência do coração é ofuscada
pelos desejos que invadem os olhos.
c) Na quarta estrofe, o autor se caracteriza como sendo
um homem sério, simples, forte; na estrofe seguinte,
porém, já reconhece as limitações que marcam o ser
humano.
d) Na sexta estrofe, o autor deixa claro que gostaria de
mudar o nome, como forma de solucionar a rima e seus
problemas.
e) Atribui, na última estrofe, toda a evasão do eu-lírico
à lua e ao conhaque.
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Resposta:
responsta letra (B)
Explicação:
eu acho n tenho certeza
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