Português, perguntado por marcicleiar7, 1 ano atrás

Poema Amazonas. Do poeta Celdo Braga.

Soluções para a tarefa

Respondido por Jhennifer0p
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O rio banha de luz 
murmureja e vai seguindo 
de porto em porto esculpindo 
as margens do seu destino.

Destino de ser caminho 
de ser barco e navegante 
de ser leme e comandante 
do seu próprio caminhar.

Canaranas matupás 
membecas e murerus 
são ilhas de arribação 
no regime das enchentes.

Nas vazantes borda praia 
onde o rito da desova 
aninha nos tabuleiros 
tartarugas tracajás.

E no ciclo das areais 
a vida eclode apressada 
pra ser de novo tocada 
pelo compasso do rio.

Quantas vezes esse rio 
brincou comigo de pira 
lavou roupas nas beiradas 
foi a fonte do meu pão... 

Em silêncio e solitário 
vai vencendo desafios 
se envereda em paranás 
bebe a água de outros rios.

Guarda os segredos dos lagos 
se embrenha nos igapós 
sabe notícia da mata 
na boca do igarapé.

Ao desfolhar a paisagem 
das matas já distantes 
dos primeiros navegantes 
acordando o seu silêncio.

O rio acende memórias 
de lendas de encantamento 
e fragmentos de mistérios 
que borbulham do seu leito.

Carrega todos os sonhos 
do olhar das ribanceiras 
que se enche de esperança 
ao ver o barco passar.

Sempre que um gesto impensado 
tolda as águas mancha a vida 
o rio geme lá no fundo 
a ferida que já sangra.

O sol míngua no poente 
brisa mansa maresia 
o rio se esquiva e dorme 
em noturna romaria.

No amanhecer inda brilha 
a luz dos últimos astros 
que a noite se banharam 
no firmamento do rio.

rio de saber, santuário 
onde os pajés os sacacas 
em mirações milenares 
beberam da sua luz.

luz de versos que caminham 
alumiando os barrancos 
que choram terras caídas 
à procura de outro chão.

Com jeito de cobra-grande 
o rio das águas barrentas 
rumo leste busca o mar 
talvez para se perder 
talvez para se encontrar. 
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