podemos afirmar que os imigrantes africanos vieram para o Brasil de maneira forçada ?Justifique sua resposta
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Para que a igualdade seja uma realidade, precisamos antes valorizar a história de cada grupo social. É inquestionável a importância das culturas de homens e mulheres vítimas da escravidão africana no Brasil. Infelizmente, é inegável também o preconceito e marginalização que vêm sofrendo por séculos. Há um movimento social crescente em todo mundo que visa à criminalização da escravidão e a pensar políticas de reparação. Essa discussão é da maior importância para nós, brasileiros, por sermos uma população composta por expressiva parcela de negros que descendem desse regime de submissão extremo. O dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, é uma dessas ações afirmativas de grande importância.
Em nossa exposição de longa duração “Migrar: experiências, memórias e identidades”, apresentamos no segundo módulo, intitulado “Imigração no Brasil”, três vídeos que abordam as populações entendidas como formadoras da identidade brasileira, dentro da lógica de nosso mito fundador: índios (nativos), portugueses (colonizadores) e africanos (escravizados). A intenção desses vídeos é elencar as contribuições, principalmente culturais, de cada uma, mas também abordá-las sob a luz das migrações. Para nós, como colocado acima, era justificada a importância de tratarmos da escravidão africana, mas nos deparamos com dificuldades de realizar essa abordagem. Um dos principais entraves era a ausência de consenso na consideração desse fluxo como migração forçada.
Para nos auxiliar com esse assunto, recorremos a um especialista, o Prof. Dr. Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha, docente da Universidade Federal da Bahia. Foi ele quem roteirizou o vídeo do módulo 2 nbso online casino reviews e nos orientou com a abordagem. De acordo com texto apresentado na exposição, “se considerarmos que emigrar significa ‘deixar a terra natal para estabelecer-se em outro país’, e que, nem mesmo os movimentos tradicionalmente compreendidos como migratórios, podem ser vistos como voluntários (será que todos os europeus teriam saído de seu país com destino ao Brasil se não estivessem passando dificuldades em seus locais de origem?), a vinda de milhões de homens e mulheres africanos para o Brasil, em um período de mais de trezentos anos, em decorrência do sistema escravista, pode ser considerada como um movimento migratório de grande escala e impacto, tanto para o território de origem quanto para o que os recebeu. Além disso, devemos considerar a relação entre os diversos grupos que emigraram para o Brasil e o mundo do trabalho: nesse sentido, o emigrante foi também um colonizador, já que contribuiu no desenvolvimento da colônia. Não é possível, portanto, ignorar o trabalho realizado, tanto no espaço rural, quanto no espaço urbano, pelos africanos que para cá vieram”.
Essa é uma das bandeiras que levantamos aqui no Museu da Imigração. Afinal, se nossa missão é “promover o conhecimento e a reflexão sobre as migrações humanas, numa perspectiva que privilegie a preservação, comunicação e expressão do patrimônio cultural das várias nacionalidades e etnias que contribuem para a diversidade da formação social brasileira”, não podemos alijar dessa discussão parcela expressiva de nossa população que tem, infelizmente, a escravidão em sua biografia mais remota. Migração sim. Forçada, certamente. Objetivamos pensar esse processo em nossas ações futuras, respeitando as particularidades que apresenta.