Pesquisa:uso da tecnologia na dança
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DANÇA E TECNOLOGIA: UM ENCONTRO DE CORPOS REAIS E VIRTUAIS
Recursos tecnológicos estão cada vez mais sendo aplicados à dança, expandindo os limites da arte e de como interagimos com ela .
A arte está cada vez menos estática. Ao idealizarem suas respectivas criações, músicos, coreógrafos, cineastas e designers hoje dispõem de um amplo leque de novas possibilidades, fruto do trabalho de outros profissionais, como cientistas, desenvolvedores de softwares e pesquisadores. No caso da dança, a evolução dos recursos que mapeiam, corrigem e até sugerem movimentos tem contribuído efetivamente para a consolidação de novas propostas artísticas e formação de plateias.
Montagens que combinam artifícios virtuais, corpos humanos e mecânicos se multiplicam pelos palcos. Ano passado, o bailarino Fredrik Rydman escolheu um robô industrial para estar ao seu lado ao som da obra de Igor Stravinsky. A coreografia Våroffer, apresentada no Teatro Municipal de Estocolmo, na Suécia, impactou crítica e público.
“Robôs e inteligência artificial fazem parte de nossas vidas. É muito interessante saber como vamos lidar com isso. Como vamos viver nossas vidas com robôs no futuro”, disse Rydman em um vídeo sobre o espetáculo promovido pela ABB, fabricante do IRB 6620, modelo utilizado em cena.
Outra consequência resultante da interação com a tecnologia é a quebra da barreira entre artistas e público. Foi com essa proposta que o espetáculo Critical Mass estreou em fevereiro de 2017 no Krannert Center, tradicional reduto das artes cênicas na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Com um aplicativo desenvolvido especialmente para a performance, o público interferia na coreografia e na condução da trama, acionando sensores de movimento no palco e acoplados aos bailarinos.
Em paralelo a projetos experimentais, importantes companhias de dança contemporânea seguem o mesmo rumo. Caso do cinquentenário Dance Theatre of Harlem, que desembarca no País em outubro pela Temporada do Mozarteum Brasileiro. O grupo dispõe de um fundo de investimentos para pesquisas de novas mídias e tecnologia para projetos futuros.
REFERÊNCIA NOS VIDEOGAMES
A afinidade entre dança e tecnologia teve entre seus precursores a indústria dos games. O sucesso obtido por consoles lançados na década de 2000, entre eles o Wii, da Nintendo – que contava com um acelerômetro capaz de detectar movimentos em três dimensões -, proporcionou a criação de diversos jogos para esta plataforma.
Hoje, jogos como o Just Dance, da francesa Ubisoft, são tão populares que possuem até um campeonato mundial, com diversas etapas. Este ano, as finais ocorreram em São Paulo.
“O Brasil é o país do Just Dance, com uma comunidade de milhões de jogadores que amam dançar e são muito engajados”, declarou em nota oficial o diretor da Ubisoft na América Latina, Bertrand Chaverot, ao comentar a criação do Just Dance Tour, em 2017.
TÉCNICA E APRENDIZADO
A captura de movimento consiste ainda em um método essencial para o desenvolvimento de profissionais da dança em todo o mundo. Empresas pioneiras como a Dance Designer conquistaram espaço no mercado oferecendo novas formas de catalogar, documentar e arquivar espetáculos. Sua biblioteca digital armazena movimentos codificados em um programa capaz de selecionar e criar sequências específicas, a partir das coreografias originais.
Já as e-traces, sapatilhas com chip criadas pela designer e bailarina espanhola Lesia Trubat, registram a pressão e a velocidade dos pés dos bailarinos e transmitem a informação para um aplicativo, via Bluetooth. Os movimentos são analisados e podem ser transformados em gráficos, expressões artísticas ou aplicações práticas para melhora de postura e precisão.
Ao combinar estes e outros dispositivos, como câmeras GoPro e drones, aptos a captar ângulos antes impossíveis de serem alcançados, o universo da dança tem sido capaz de proporcionar experiências cada vez mais impressionantes. Um desafio capaz de estimular não só a capacidade criativa de coreógrafos e performers, como também os olhares do público.
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