pesquisa sobre modelo esportista de educação física
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Introduçâo
A Educação Física (EF) tal qual a conhecemos hoje expressa a forma como os seres humanos se relacionam no modo societário capitalista. As modificações do seu conteúdo e da forma de aplicá-los, bem como suas disposições legais, tendem a obedecer à lógica das mudanças dessa organização social, ou seja, a medida que a sociedade é transformada pelos homens, transforma-se a forma da educação física (MELLO, 2009).
A educação física em sua história esteve sobre a égide da sociedade capitalista, sendo legitimada pelas necessidades de manutenção das relações sociais capitalistas e não pela necessidade de seu conteúdo específico (MELLO, 2009). De um lado, pode-se dizer de forma bastante sintética que a concepção funcionalista da sociedade, entende que a Educação Física é a uma parte constituída de um corpo ou uma máquina harmoniosa, sendo que cada parte contribui com suas devidas funções. A educação física tem então, servido de poderoso instrumento ideológico e de manipulação para que as pessoas continuem alienadas e impotentes diante da necessidade de verdadeiras transformações nas relações sociais.
Ao discutirmos as relações sociais que determinam a atuação da Educação Física articulada às condições objetivas (modo de produção humano) e subjetivas (teorias do conhecimento e correntes pedagógicas), é sabido que ao consolidar-se enquanto sistema, o capitalismo exigiu a formação de sujeitos que atendessem a seus interesses, e neste contexto é que as tendências tiveram sua função estabelecida. Com isto, houve a necessidade de disseminação das idéias dominantes produzidas pela classe que detém os meios de produção, tendo assim, cada tendência uma forma de manipulação e disseminação da ideologia dominante, colocando a classe trabalhadora a assumir um pensamento e a construir ações que se identificam predominantemente com as idéias produzidas pela classe burguesa, fazendo com que os trabalhadores assumissem uma subjetividade inautêntica (ANTUNES, 2004).
As tendências e perspectivas ligadas à Educação Física (EF) expressaram as necessidades relacionadas ao corpo em alguns momentos históricos. Essas tendências partiram da elaboração de um específico modelo corporal e de uma formação ideológica que correspondessem às expectativas da sociedade capitalista. Uma tendência é também uma pedagogia, que é a teoria e o método que constrói os discursos e as explicações sobre a prática social e sobre a ação dos homens na sociedade. Quando uma tendência não corresponde aos interesses das diferentes classes ou ela mesma já não funciona como deveria, ela acaba por dar espaço para o surgimento de uma nova tendência.
Buscamos então, contextualizar a função das tendências ideológicas na história da Educação Física, no período que compreende a ascensão do capitalismo no Brasil até a década de 80. Escolhemos abordar este período, porque este foi um momento de construção da base dessa prática pedagógica, embasada no viés positivista que direcionou a EF por uma visão acrítica.
A metodologia utilizada para a construção deste trabalho é de uma pesquisa do tipo bibliográfica segundo Minayo (2003), tendo como matriz teórica o materialismo histórico de Karl Marx e Friedrich Engels. Para mapear o caminho percorrido pela Educação Física consideramos o desenvolvimento da Educação Física brasileira nos baseando em Castelhani Filho (1988); Ghiraldelli Junior (1994) e Soares (2001) e classificamos as tendências em quatro: higienista, militarista, pegagogicista e competitivista.