Artes, perguntado por Willianvinicius1, 1 ano atrás

Pesquisa sobre a música como meio de protesto durante a ditadura militar

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Respondido por Usuário anônimo
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No período da ditadura militar houve uma efervescência cultural muito grande, embora o regime proibisse a arte como arma de protesto. As músicas com cunho ideológica eram rapidamente censuradas. Entretanto, muitos artistas conseguiam driblar os empregados do governo simplesmente criando metáforas para colocarem nas músicas. Isso ajudou ainda mais a enriquecer as letras e ter a profundidade necessária para lutar contra a ditadura.

A mais clássica foi a música "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", do compositor Geraldo Vandré. O sucesso dela começou a partir de um festival de música (III  Festival Internacional da Canção) em 1968, quando perdeu para Chico Buarque e Tom Jobim, que interpretavam "Sabiá". O público pouco se importou com quem venceu. A canção de Geraldo, que convocava a sociedade para combater o regime, ecoou como um grito de "basta", sendo aclamada pelas pessoas que estavam na plateia. Óbvio que a música era tão explícita e combatia o regime com tanta força que foi rapidamente censurada.

Este mesmo Chico Buarque, que cantou "Sabiá" na época, fez uma obra prima chamada "Cálice", em 1973. A censura também proibiu a música, que usa uma palavra polissêmica (cálice) para contar o quanto a ditadura fazem as pessoas se calarem. Para dar um tom ainda mais forte à canção, associou este mesmo cálice à história de Jesus Cristo, em que foi tomado o vinho da primeira ceia em um cálice. O Chico, aliás, foi um intenso opositor do regime. Além dessa canção, ele também já tinha feito "Roda Viva", que apesar de afirmar que não havia nada a ver com a ditadura, acabou sendo interpretada como o povo queria, já que fora tão bem construída que dava margem à imaginação das pessoas, que poderiam interpretá-la tal qual seus anseios.

Há quem diga também que Raul Seixas produziu músicas de protesto. A canção "Mosca na Sopa" seria uma delas. Enfim, são muitas músicas mesmo. Foi um dos modos mais eficientes de esclarecer e combater um regime extremamente violento, que limitava a produção artística, querendo ser uma espécie de agente alienador da sociedade brasileira. É por causa de artistas como Milton Nascimento, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regine entre tantos outros que a cultura brasileira ficou mais rica e a luta política fortaleceu-se, mesmo que só um pouco, no Brasil.
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