Artes, perguntado por Alerrandroalencar, 4 meses atrás

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Sobre 3 cordelistas
E 3 cordeis

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Olá :)

O cordel é uma manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira, mais precisamente do interior nordestino. Os locais onde ela tem grande destaque são os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará. Por esse motivo, o cordel nordestino é um dos mais destacados no país.

No Brasil, a literatura de Cordel adquiriu força no século XX, sobretudo entre 1930 e 1960.

João Martins de Athayde foi um escritor, poeta, cordelista e editor, foi um dos autores que mais contribuíram para a divulgação da literatura de cordel produzida no Brasil no século XX.

Trecho de “Proezas de João Grilo”, de João Martins de Athayde

João Grilo foi um cristão

que nasceu antes do dia

criou-se sem formosura

mas tinha sabedoria

e morreu depois da hora

pelas artes que fazia.

E nasceu de sete meses

chorou no bucho da mãe

quando ela pegou um gato

ele gritou: não me arranhe

não jogue neste animal

que talvez você não ganhe.

Na noite que João nasceu

houve um eclipse na lua

e detonou um vulcão

que ainda continua

naquela noite correu

um lobisomem na rua.

Porém João Grilo criou-se

pequeno, magro e sambudo

as pernas tortas e finas

e boca grande e beiçudo

no sítio onde morava

dava notícia de tudo.

Leandro Gomes de Barros foi um poeta de literatura de cordel brasileiro. Em 19 de novembro é comemorado o "Dia do Cordelista", em homenagem ao nascimento de Leandro Gomes de Barros.

Trecho de “O Fiscal e a Lagarta” de Leandro Gomes de Barros

Estava um dia uma lagarta

Debaixo de um pé de fumo

Quando levantou a vista

Viu um fiscal do consummo.

Disse a lagarta consigo:

Eu hoje me desarrumo

O fiscal perguntou logo

Insecto, o que estás roendo?

A lagarta perguntou-lhe

Fiscal, o que andas fazendo?

—Aperriando o commercio

Tomando tudo e comendo.

Disse o fiscal: para o imposto

O governo me nomeia

A lagarta respondeu-lhe

Você precisa é cadeia,

Para perder o costume

De andar roubando de meia.

Disse o fiscal: o governo

Não puderá se manter,

Sem procurar o imposto

De quem comprar e vender,

Artista e agricultor

Pagam por justo dever.

Apolônio Alves dos Santos

Trecho de "A discussão do Carioca com o Pau-de-Arara" de Apolônio Alves dos Santos

Já que sou simples poeta

poesia é meu escudo

com ela é que me defendo

já que não tive outro estudo

vou mostrar para o leitor

que o poeta escritor

vive pesquisando tudo

Certo dia feriado

sendo o primeiro do mês

fui tomar uma cerveja

no bar de um português

lá assisti uma cena

agora pego na pena

para contar pra vocês

Quando eu estava sentado

chegou nessa ocasião

um velho pernambucano

daqueles lá do sertão

com a maior ligeireza

foi se sentando na mesa

pediu uma refeição

O português logo trouxe

um prato grande sortido

o nortista vendo aquilo

ficou logo enfurecido

com um gesto carrancudo

começou mexendo tudo

depois falou constrangido

Patrício não leve a mal

nem me queira achar ruim

toda espécie de comida

que você tem é assim?

desculpe minha expressão

mas a sua refeição

não vai servir para mim

Espero ter ajudado :)

Michael

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