Perceber, reconhecer, entender, compreender, valorizar, dar atenção, respeitar… São vários
nomes diferentes para um processo tão simples, mas ao mesmo tempo tão difícil de ser praticado:
ouvir, de fato, o outro.
Ouvir não significa simplesmente escutar os sons da voz ou acompanhar o raciocínio do
interlocutor. Significa, antes de tudo, ter paciência e tolerância para aceitar a outra pessoa como ela
é, com suas qualidades e seus defeitos, crenças e emoções, com sua aparência, quer nos seja
agradável ou desagradável, sem pré-julgamentos. Concordo com quem disse que esse não é um
processo fácil, embora pareça tão elementar.
Vamos analisar um pouco as causas dessas dificuldades. É muito comum compararmos o mundo
ao nosso próprio referencial de vida, de como percebemos o mundo, que passa a ser o “nosso
mundo”. Incluem-se aí os nossos valores, conceitos e preconceitos.
Além disso, as pessoas aproximam-se pelas semelhanças e não pelas diferenças,
desmistificando a crença popular de que os opostos se atraem. Se observarmos bem, antes da
diferença há muita convergência, situações comuns, similaridades que atuam como facilitadoras de
um processo de entendimento e consideração e a partir daí eventuais diferenças de caráter,
atitudes ou comportamentos passam a configurar uma relação afetiva. Se observarmos bem,
quando admiramos uma pessoa dizemos: “Que pessoa extraordinária! Que pessoa agradável!
Que pessoa simpática!” Enquanto isso, lá no fundo, um outro comentário quase imperceptível
complementa … “tão parecida comigo!” Também fica fácil entender tal atitude por outra simples
razão, só percebemos qualidades e defeitos nos outros quando nos chamam a atenção porque em
potencial essas características existem em nós mesmos.Se precisar falar com o outro de verdade, primeiro é necessário querer e esse querer precisa ser
um desejo, uma vontade inquebrantável que não nos fará desistir diante da primeira adversidade.
Depois, devemos ter e exercitar a flexibilidade, colocando-nos no lugar do outro, empaticamente.
Aliás, empatia é isso mesmo: ajustar-se ao estilo, momento psicológico, crenças e valores do
mesmo interlocutor e nessa projeção conseguir melhor entendimento.
Algumas sugestões importantes para quem, de fato, deseja ouvir de verdade outra pessoa
e, a partir daí, abrir uma porta de entrada para o relacionamento: amizade, vendas,
negociações, lideranças, amor etc.:
1. Olhe nos olhos da outra pessoa e perceba-a nos seus detalhes, esteja com a atenção focada e
envolvida com ela.
2. Procure manter a calma, evite deixar se dominar por algum preconceito ou algo da outra pessoa
que desagrada.
3. Tenha paciência, saiba aceitar o silêncio da outra pessoa.
4. Evite contradizer o outro, evitando as palavras “mas”, “todavia”, “entretanto”, “contudo”.
5. Procure, antes de qualquer discordância, algum ponto com o qual vocês concordem.
6. Valorize e respeite as opiniões de seu interlocutor.
7. Demonstre respeito pelo outro como o outro é, e não como gostaria que fosse.
8. Crie condições favoráveis para o outro expressar livremente suas idéias e opiniões, saiba ter tato
para lidar com a discordância.
9. Concentre as diferenças no campo das idéias e não permita que sejam levadas para o lado
pessoal.
10. Certifique-se de que você compreendeu de fato o que o outro queria transmitir; repita,
questione, pergunte, evite ao máximo interpretações infundadas.
01. Para o autor, o que significa ouvir uma pessoa?
02. Para o autor, o que desmistifica a crença popular de que os opostos se atraem?
03. Segundo o autor, por que admiramos uma pessoa?
04. O que é empatia?
05. Segundo o texto, por que aceitar a outra pessoa tem que ser de forma incondicional?
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