Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,Da vossa piedade me despido,Porque quanto mais tenho delinqüido,Vos tenho a perdoar mais empenhado.Se basta a vos irar tanto um pecado,A abrandar-vos sobeja um só gemido,Que a mesma culpa, que vos há ofendido,Vos tem para o perdão lisonjeado.Se uma ovelha perdida, e já cobradaGlória tal, e prazer tão repentinovos deu, como afirmais na Sacra História:Eu sou, Senhor, a ovelha desgarradaCobrai-a, e não queirais, Pastor divino,Perder na vossa ovelha a vossa glória.1) Que justificativa utiliza o pecador para não desistir da piedade divina, embora tenha pecado tanto?2) Traduza em outras palavras o argumento apresentado nos versos 5 e 6.3) Que explicação paradoxal o sujeito lírico dá nos versos 7 e 8?
Soluções para a tarefa
1- Que justificativa utiliza o pecador para não desistir da piedade divina, embora tenha pecado tanto?
R= O pecador diz que não desiste da clemência divina porque quanto mais ele peca mais Deus fica obrigado a perdoá-lo.
2- Traduza em outras palavras o argumento apresentado nos versos 5 e 6.
R= Um pecado é bastante para provocar a ira divina, mas, em
compensação, a mínima demonstração de
arrependimento, como um simples gemido, é mais que suficiente para acalmá-la.
3- Que explicação paradoxal o sujeito lírico dá nos versos 7 e 8?
R= Ele diz que a ofensa a Deus já é, por si mesma, um agrado para
conseguir o perdão.
1) A justificativa que o pecador usa para não desistir da piedade divina, apesar de ter cometido tantos pecados é a de que, quanto mais pecados comete, mais ainda depende da graça e do perdão divinos.
2) Se apenas um pecado o deixa muito irado, também apenas um gemido irá acalmar essa ira.
3) A explicação paradoxal é a de que, se por um lado o pecado ofende, permite a Deus conceder o perdão ao pecador.
Para responder a essas perguntas, é preciso ler a poesia com atenção, cuidado e paciência, principalmente porque está escrita em português arcaico e o autor barroco Gregório de Matos Guerra (apelidado de Boca do Inferno), usa muitas figuras de linguagem. Vamos às opções:
1) Nos versos "Porque quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado", ele diz, em outras palavras, quanto mais peco, mais preciso de perdão, por isso não vou deixar de depender da graça divina.
2) Os versos 5 e 6 são os seguintes: "Se basta a vos irar tanto um pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido". Aqui ele diz que se apenas um pecado traz ira a Deus, apenas uma expressão de arrependimento também toca seu coração.
3) Paradoxo é uma figura de linguagem que indica contradição, une ideias opostas. Os versos 7 e 8 são os seguintes: "Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado". Se o pecador peca, ofende a Deus, mas também dá oportunidade para que ele seja perdoador. Palavras que se opõe: ofendido / lisonjeado. Ou seja, para o autor, o pecado ofende e lisonjeia ao mesmo tempo.
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