Pense-se em algumas formas de tratamento. "Tio" é empregado pelo menino que limpa o pára-brisa e pede um trocado ao dono do carro, que vira "Doutor" se quem lhe oferece o mesmo serviço é outro adulto. Já há algum tempo professores e professoras tornaram-se "tios" e "tias" nas salas de aula. Não há jogador de futebol que em público não se refira ao técnico de seu time como "professor". E o que dizem exatamente "meu irmão", "amizade", "ô meu", "cara" nas situações de uso? Valeria a pena indagar sobre os complexos sentimentos e valores implicados nessas utilizações – provavelmente mais reveladoras do nosso sistema de relações sociais do que pode avaliar aquele estudioso da linguagem que só as considera no âmbito dos "fenômenos", no plano mecânico das "variantes" justapostas.(CASTRO, Alencar de. Inédito)