Música, perguntado por pedrofeitosa2578, 6 meses atrás

Pelo que você conhece e pode observar, quais seriam as diferenças entre bandas de rua (blocos de carnaval) e roda de capoeira?

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Respondido por Moyses23
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Resposta:

Etimologicamente, a palavra "frevo" vem do verbo "ferver", que remete à agitação, rebuliço. Porém, nem todo frevo é acelerado, como o frevo de rua ou parte do frevo-canção, dois dos três tipos do gênero pernambucano, subdivididos na década de 1930, a partir da popularização do ritmo. O frevo de bloco, que é tocado por conjuntos de pau e corda, apresenta uma melodia mais suave.

É o que explica Maestro Spok, de 48 anos, que ingressou no universo do frevo aos 14 anos e atualmente comanda a SpokFrevo Orquestra, com 21 integrantes, entre instrumentistas, cantores e bailarinos. “Foi o pesquisador Valdemar de Oliveira quem registrou essas três modalidades”, diz.

Em entrevista ao G1, o Maestro fala sobre as origens e principais características do frevo de rua, do frevo de bloco e do frevo-canção, que fazem parte do seu repertório. Ele também demonstra cada modalidade tocando clássicos do carnaval de Pernambuco com seu saxofone.

Maestro Spok demonstra o que é frevo de rua

Frevo de rua

De acordo com o maestro, as duas principais características do frevo de rua são ser instrumental e acelerado. “É aquele que não tem letra, que é bastante executado pelas orquestras nas ladeiras e nas ruas. É o mais efervescente de todos. Aquele frevo que não tem poesia e é composto para a rua, para a dança, para os passistas se divertirem”, afirma. (Veja vídeo acima)

Spok o frevo de rua, a princípio, não era tão rápido. "Ele ganhou velocidade a partir da influência da polca e do dobrado", diz. Atualmente, uma orquestra de frevo de rua desfila com instrumentos como saxofones, clarinetes, pistões, trombones, tubas, taróis, surdos e bombardinos.

Alguns exemplos clássicos de frevo de rua são as canções “Nino, o Pernambuquinho”, do Maestro Duda; “Duda no Frevo”, de Senô; e “Lágrima de Folião”, de Levino Ferreira. Esta última foi escolhida pelo maestro para a demonstração no vídeo.

Maestro Spok demonstra o que é frevo de bloco

Frevo de bloco

Enquanto o frevo de rua é tocado por uma orquestra de percussão e metais, o de bloco, por sua vez, é executado por uma orquestra de pau e corda, que é composta por violões, bandolins, flautas e cavaquinhos. “Esse é um frevo mais lento, poético, lírico... As letras exaltam a beleza dos antigos carnavais, falam de saudade”, afirma Spok. (Veja vídeo acima)

O maestro acredita que foram os seresteiros quem deram origem a essa modalidade, no início do século 20: “Eles possivelmente criaram essa coisa mais tranquila para entrarem na folia com as esposas, filhos e netos. Talvez por isso também tenhamos sempre um coral feminino nos blocos líricos, pois os seresteiros colocavam suas mulheres para cantar”.

Entre os frevos de bloco tidos como consagrados, estão “Evocação Nº 1”, de Nelson Ferreira; “Valores do Passado”, de Edgard Moraes; e “Cantigas de Roda”, de Getúlio Cavalcanti. No vídeo, Spok executa “Último Regresso”, outro clássico de Getúlio Cavalcanti.

Maestro Spok demonstra o que é o frevo-canção

Frevo-canção

Como o próprio nome indica, o frevo-canção é aquele que conta com um intérprete à frente. “Tem vocais, tem poesia. Não aquela poesia nostálgica do frevo de bloco, pois as letras se apoiam em um contexto mais atual. Fora isso, é executado com os mesmos instrumentos de uma orquestra de frevo de rua, por isso tem uma introdução acelerada”, afirma o maestro. (Veja vídeo acima)

Segundo Spok, o frevo-canção foi o último dos tipos a surgir. “Para mim, surgiu por conta do sucesso das marchinhas carnavalescas cariocas. Foi como se os compositores daqui tivessem percebido isso e começassem a concorrer para não perder espaço”, diz.

Spok escolheu exemplificar o frevo-canção com o clássico “Voltei, Recife”, de Luiz Bandeira. Outras canções célebres da modalidade são “Cala a Boca Menino”, de Capiba; “É de Fazer Chorar”, também de Luiz Bandeira; e o hino do Bloco Carnavalesco Misto Batutas de São José, “Você Sabe Lá o Que é Isso”, de autoria de João Santiago.

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