Português, perguntado por biaancasantos77, 9 meses atrás

Para responder às questões de 1 a 7, leia o conto do dramaturgo, poeta, contista e jornalista
maranhense, Artur Azevedo(1855-1908)
MORTA QUE MATA

(CONTO MEIO PLAGIADO E MEIO ORIGINAL)

Um dia em que o Barreto, acabado o expediente, palestrava com alguns dos seus colegas de repartição, queixou-se da mesquinhez dos ordenados.
- Ora! Tu nada sofres! Acudiu um dos colegas, com um sorriso impertinente.
- Nada sofro?! Ora esta! Por quê?!
- Porque és rico!
- Rico, eu?!...
- Naturalmente. Se não fosses rico, tua mulher não poderia andar coberta de brilhantes!
O Barreto soltou uma gargalhada.
- Ah, meu amigo, os brilhantes de minha mulher são falsos, são baratinhos, não valem nada!
- Não parece.
- Não parece, mas são. Minha mulher é de uma economia feroz, e tudo quanto economiza emprega em toilettes e joias... Mas que joias!... Falsas, falsas como Judas... Já lhe tenho dito
um milhão de vezes que se deixe disso; que não use joias uma vez que não pode usá-las
verdadeiras; que ela somente asi mesma se ilude, tornando-se ridícula aos olhos do mundo; mas não há meio: aquilo é mania! Tirem tudo, tudo à Francina, mas deixem-lhe as suas joias
de pechisbeque!...
Realmente assim essa Francina, de vez em quando, mostrava ao marido um par de bichas
de brilhantes ou um colar de pérolas, que produziam o mais deslumbrante efeito, mas não
passavam de joias de teatro, compradas com os vinténs que ela poupava nas despesas da copa.
Barreto, que fora sempre um pobretão, nada entendia de pedras finas e por isso achava que as de sua mulher, apesar de falsas,eram bonitas; mas, no íntimo, ele envergonhava-se daquela fulgurante exibição no pescoço, nos braços, nos dedos e nas orelhas de Francina.
- Os que sabem que essas joias são falsas, pensava ele, hão de me achar ridículo; os que as
supõem verdadeiras poderão fazer de mim um juízo ainda mais desagradável.Toda a gente
sabe quanto ganho: os meus vencimentos figuram na coleção de leis, na tabela anexa ao
regulamento da minha repartição...
O Barreto pensava bem; mas a sua debilidade moral não permitia que ele contrariasse
Francina.
Um dia o fracalhão percebeu-com que alegria!-que ela estava no seu
estado interessante.
Eram casados havia oito anos e só agora se lembrava o céu de abençoar a sua união, mandando-lhes um filho! Ele esperava que os cuidados maternos modificassem o que sua
mulher tinha de ridícula e vaidosa.
Mas as suas esperanças foram cruelmente frustradas pela fatalidade: a criança, extraída a
ferros, nasceu morta, e Francina morreu de eclampsia.
O Barreto sentiu tanto, tanto, que quase morreu também.
Havia um mês que era viúvo quando um dia lhe apareceu em casa um homem que ele não
conhecia, e se deu a conhecer como um dos joalheiros mais conhecidos da capital.
O Barreto perguntou-lhe o motivo da sua visita.
- É muito simples. A falecida sua senhora tinha joias. É natural que o senhor não precisando
delas pretenda desfazer-se de algumas, senão de todas. Venho pedir-lhe que me dê
a preferência.
- Preferência para quê?
- Para comprá-las.
- Mas, meu caro senhor, as joias de minha mulher são falsas.
- Falsas? Ora essa! E é a mim que o senhor diz isso, a mim que lhas vendi! A sua
senhora seria incapaz de pôr uma joia falsa!
- O senhor engana-se!
- Tantonãomeengano,que lhe ofereço poressas joias, se se conservam todas em seu
poder, sessenta contos de réis!
O Barreto ficou petrificado; entretanto, disfarçou como pôde a comoção, e despediu o
joalheiro, dizendo que o procuraria na loja.
Logo que ficou só, encaminhou-se para o quarto da morta, e abriu a cômoda onde se
achavam as joias; mas ao vê-las sentiu uma onda de sangue subir-lhe à cabeça e caiu para
trás.
Quando lhe acudiram estava morto.
1. O conto é narrado em 1° ou 3° pessoa? Destaque do texto elementos que justifiquem o foco narrativo indicado.
2. Quais são os recursos coesivos utilizados para marcar a passagem do tempo? Quais são eles?Exemplifique com trechos do texto.
3. No texto há variações entre discurso direto (marcado pela fala das personagens) e discurso indireto (marcado pela voz do narrador). Que efeito de sentido essa alternância produz?
4. Leia o trecho a seguir e assinale apenas uma alternativa que responda à questão.
Nada sofro?! Ora esta! Por quê?!
Nesse trecho, há o uso do ponto de interrogação seguido de uma exclamação. O efeito de sentido produzido por esse recurso é de que o interlocutor está:
a) em dúvida.
b) alegre.
c) muito surpreso.
d) emocionado.

Soluções para a tarefa

Respondido por nilidis
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Olá, tudo bem?

o exercício é interpretar um texto

Interpretar um texto é ler as linhas e entrelinhas que o autor escreveu

1. O conto é narrado em 1° ou 3° pessoa? Destaque do texto elementos que justifiquem o foco narrativo indicado.

É narrado em 3ª pessoa. "Logo que ficou só, encaminhou-se para o quarto da morta, e abriu a cômoda onde se  achavam as joias;"

2. Quais são os recursos coesivos utilizados para marcar a passagem do tempo? Quais são eles?Exemplifique com trechos do texto.

Realmente assim essa Francina

Um dia o fracalhão percebeu-com que alegria!-que ela estava no seu

estado interessante.

O Barreto sentiu tanto, tanto, que quase morreu também.

Havia um mês que era viúvo quando um dia lhe apareceu em casa um homem

3. No texto há variações entre discurso direto (marcado pela fala das personagens) e discurso indireto (marcado pela voz do narrador). Que efeito de sentido essa alternância produz?

maior interatividade no conto.

4. Leia o trecho a seguir e assinale apenas uma alternativa que responda à questão.

Nada sofro?! Ora esta! Por quê?!

Nesse trecho, há o uso do ponto de interrogação seguido de uma exclamação. O efeito de sentido produzido por esse recurso é de que o interlocutor está:

a) em dúvida.

b) alegre.

c) muito surpreso.

d) emocionado.

Saiba mais sobre interpretação de texto,  acesse aqui:

https://brainly.com.br/tarefa/25594491

Sucesso nos estudos!!!

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