Ouvir estrelas
Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo
que estás beirando a maluquice extrema.
No entanto o certo é que não perco o ensejo
De ouvi-las nos programas de cinema.
Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo
que mais eu gozo se escabroso é o tema.
Uma boca de estrela dando beijo
é, meu amigo, assunto p’ra um poema.
Direis agora: Mas, enfim, meu caro,
As estrelas que dizem? Que sentido
têm suas frases de sabor tão raro?
Amigo, aprende inglês para entendê-las,
Pois só sabendo inglês se tem ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: Becker, I. Humor e humorismo: Antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961.
Nesse texto, que parodia um poema de Olavo Bilac, verifica-se que a linguagem é
irônica, porque o eu lírico subverte o sentido de um termo, rompendo com a expectativa do leitor.
incompreensível, tendo em vista a escolha de termos fora do uso cotidiano, como "ensejo" e "pejo".
rebuscada, uma vez que o eu lírico faz uso da mesóclise "dir-vos-ei", assim como de perguntas retóricas.
denotativa, pois nota-se a recusa de qualquer entendimento provocado pelo emprego de figuras de linguagem.
literal, já que não se percebe emprego de conotação ou associações que explorem sentidos simbólicos ou figurados.
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Explicação:
Nota-se que no texto de Bilac há grande predominância de elementos conotativos relacionados com o entendimento de estrelas. O artista inerente ao parnasianismo apresenta grande perfeição formal em sua linguagem, além de grande tendência a apresentar gosto por elementos não concretos.
Ademais, pode-se compreender que para Tigre, que utiliza do humor para abordar tal tema, a compreensão de estrelas compreende algo nada comum e cotidiano.
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