Question

Os trechos a seguir são de um samba de WIlson Batista e Ataulfo Alves, antes e depois da passarem pela censura do DIP. Leia com atenção as versões e responda.


(Primeira versão)
Quem trabalha não tem razão
O bonde de São Januário
Leva mais um sócio otário
Sou eu que não vou trabalhar.


(Segunda versão)
Quem trabalha é quem tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O bonde de São Januário
Leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar.



Perguntas
A) o que diferencia uma versão da outra ?
B) comparando as versões é possivel saber o "conselho" que o DIP deu ao sambistas ?
C) qual era a intenção do governo Vargas com isso ?

Answer 1

A - O que diferencia uma versão da outra é o sentido: a primeira é uma crítica social, se posiciona contra a ordem social estabelecida, enquanto que a segunda é uma obra sem nenhum viés crítico, se limitando a "bater palmas" para a sociedade.

B - O "conselho" dado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda foi, provavelmente, que os sambistas retirassem de sua música as frases que pudessem ser vistas como "politicamente subversivas".

C - A intenção de Vargas era garantir a harmonia e a ordem social,coibindo qualquer tipo de dissidência política que ameaçasse o seu governo.

Answer 2

Com relação aos trecho do samba de Wilson Batista e Ataulfo Alves, alterados pela censura, podemos dizer que:

1. A primeira versão critica a forma como o trabalhador é tratado, deixando em evidência a insubordinação do eu-lírico que se sente desvalorizado e se opõe a essa situação, já a outra versão se torna uma espécie de "apoio" governamental, perdendo seu tom crítico e deixando de lado a discordância da primeira.
2. A orientação dada pelo DIP provavelmente incentivou a substituição de termos que pudessem ser considerados ofensivos, ou subversivos, para que a canção não soasse como expressão de revolta.
3. O Governo Vargas criou o DIP para que as manifestações artísticas ocorressem de maneira "controlada", prevenindo qualquer "dano" a imagem do governo, coagindo a população.

A censura na Era Vargas

Não eram apenas as músicas que eram censuradas durante esse período, praticamente todo tipo de meio de comunicação precisava passar pelo exame do DIP, tornando assim comum a transmissão de discursos presidenciais diariamente pelo rádio. A censura também alcançou o cinema e o teatro.

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