História, perguntado por carlax786, 9 meses atrás

os tipos de preconceito sofridos pela Comunidade do Quilombo Mesquita.

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Respondido por vanessasouzzvs
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Resposta: No Brasil, existem mais de 3000 mil comunidades quilombolas. 977 estão localizadas no nordeste, e 68 delas apenas em Alagoas. No passado, o risco de ser atacado e capturado assombrava os escravos fugitivos. Hoje, seus descendentes tentam preservar sua cultura, lutando por direitos em uma sociedade que os enxerga com maus olhos. O reconhecimento tardio dos quilombos só piorou essa situação. Ultimamente, essa luta tem ficado cada vez mais difícil. O porquê? Preconceito. E, inacreditavelmente, vindo dos próprios quilombolas.

Essa declaração pode parecer um absurdo, mas é real. E tem um motivo. A questão é que muitos quilombolas ainda sofrem pela educação e saúde precárias de suas comunidades – principalmente no Nordeste. A urbanização nesses locais sempre foi lenta. Esse atraso é visto, principalmente nos tempos modernos, como um desperdício de terras e de dinheiro. Essa análise é precipitada, pois desconsidera o valor cultural e histórico desses locais. Mas ultimamente os próprios membros das comunidades começaram a acreditar nesses preconceitos. Inacreditavelmente, alguns não gostam nem de serem chamados de quilombolas.

Um exemplo dessa situação é o da comunidade Serra das Viúvas, em Água Branca. A desinformação hoje é tão grande que os membros mais velhos daquele quilombo pensam que a terra em que vivem não é deles, apesar de terem o direito de viver nela. Lá, a maior parte dos jovens discorda. Mas a propagação dessa ideia dentro e fora da comunidade acaba convencendo, pouco a pouco, cada um deles.

Outro exemplo é o da comunidade Ribeira, em Jacaré dos Homens. Eles conseguem produzir cerca de três mil litros de leite em um único dia; um marco impressionante. Normalmente, eles utilizam o leite para a produção e venda de vários derivados laticínios, como o queijo e o requeijão. Entretanto, quando propostas de aumento de produção, investimento externo e venda do leite em larga escala foram apresentadas aos membros da comunidade – uma oportunidade de acelerar a urbanização do local e melhorar a qualidade de vida dos moradores – eles recusaram. Seus motivos eram claros: desmotivados, eles pensam que não são capazes. Simplesmente preferem não tentar.

Marginalizados desde sempre, os quilombolas se vêm cada vez menos representados e unidos. Isso se traduz na auto desmoralização que têm. Em uma espécie de círculo vicioso, eles repassam suas inseguranças e preconceitos para as próximas gerações. Diante dessa situação, surgem organizações e institutos engajados na ajuda às comunidades. Entre as ações que promovem, estão aulas sobre a história dos quilombos e palestras em prol da moralização da imagem quilombola. Mas ainda há muitos obstáculos a serem superados.

Uma das maiores dificuldades em ajudá-los é a descrença que têm da própria capacidade. Para conseguir convencê-los do próprio potencial, trabalhos com os jovens dessas comunidades vêm sendo feitos. Acredita-se que eles são a chave para melhorar a situação. Ou, pelo menos, é o que tem sido difundido. “Os mais velhos, infelizmente, já se convenceram dos preconceitos e da falta de capacidade. Mas os jovens têm a mente mais aberta, estão dispostos a mudar a condição em que vivem”, explica Pedro Simonard, Doutor em Ciências Sociais e envolvido com diversos projetos de auxílio aos quilombolas. Ao que tudo indica, serão os jovens a mudar o pensamento de suas comunidades. E esse pensamento já vem sendo praticado.

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