Os textos a seguir abordam a questão da construção de heróis nacionais. O primeiro é do historiadorbrasileiro José Murilo de Carvalho e o segundo, uma reportagem da Agência Senado. O quadro relacionaos nomes que figuram no Livro dos Heróis da Pátria. Leia-os e responda às questões.texto 1Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referência, fulcros de iden-tificação coletiva. São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos aserviço da legitimação dos regimes políticos. Não há regime que não promova o culto de seus heróis e nãopossua o seu panteão cívico. Em alguns casos, os heróis surgiram quase espontaneamente das lutas queprecederam a nova ordem das coisas. Em outros, de menor profundidade popular, foi necessário maior es-forço na escolha e promoção da figura do herói. É exatamente nesses últimos casos que o herói é mais im-portante. A falta de envolvimento real do povo na implantação do regime leva à tentativa de compensação,por meio da mobilização simbólica. Mas, como a criação de símbolos não é arbitrária, não se faz no vaziosocial, é aí também que se colocam as maiores dificuldades na construção do panteão cívico. Herói que sepreze tem que ter, de algum modo, a cara da nação. Tem de responder a alguma necessidade de aspiraçãocoletiva, refletir algum tipo de personalidade ou comportamento que corresponda a um modelo coletiva-mente valorizado. Na ausência de tal sintonia, o esforço de mitificação de figuras políticas resultará vão.Os pretendidos heróis serão, na melhor das hipóteses, ignorados pela maioria e, na pior, ridicularizados.CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p. 55-56.texto 2[...], o que dá a um vulto histórico a dimensão heroica? Ou, como lembram os historiadores, vale a pena cultuar heróis?O dramaturgo alemão Bertolt Brecht cunhou a frase “Infeliz o país que precisa de heróis”. Mastodos os países têm os seus. Os americanos cultuam a memória dos seus chamados foundingfathers (pais fundadores), como Thomas Jefferson e Benjamin Franklin. Um Panteão em Paris abriga os restos mortais de célebres franceses comoVoltaire e Victor Hugo. [...] O modelo brasileiro, de seleção de heróis por meio de projetos de lei, não tem paralelo em ou-tros países. Em geral, o status de herói — aliás,duramente criticado pela historiografia contemporânea — é alcançado por meio do tempo e peloreconhecimento do povo. No caso mais recente, da indicação pelo senador Marconi Perillo(PSDB-GO) de Getúlio Vargas para integrar a lista, entra em cena outro aspecto do debate: afinal,os “heróis” precisam ser “perfeitos”, à imagem dos personagens mitológicos como Hércules e Aquiles?— Se o fossem, teríamos que reescrever a história do Brasil. Esta postura só revela a ignorância sobrea competente historiografia que vem sendo realizada em nossas universidades, que traz à tona não“heróis” cuidadosamente maquilados, mas atores históricos de carne e osso, interagindo com os diferentes momentos políticos, a sociedade, a economia e as mentalidades de uma época — diz a cariocaMary Del Priore, autora de livros e professora de pós-graduação em História.[...]— Ao privilegiar o culto à figura do “herói nacional”, criou-se, no imaginário coletivo da população brasi-leira, a ideia de que a solução para nossos inúmeros problemas sociais depende, única e exclusivamente,da ação isolada de um homem/mulher. A historiografia contemporânea considera que todos fazem a His-tória, ou seja, todos somos sujeitos históricos — ensinava o deputado [federal Paulo Lima, do PMDB-SP].Livro dos Heróis da Pátria tem hoje apenas dez nomes. 20 de março de 2009. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2012.[...]a) De acordo com o historiador José Murilo de Carvalho, como surge o mito de um herói?b) Analisando a listagem do livro dos heróis, que outros personagens históricos já estudados por você foram transformados em heróis?c) Para José Murilo de Carvalho, que característica um herói deve possuir para que não seja ignorado ouridicularizado?d) De acordo com a historiadora Mary Del Priore, qual a contribuição da historiografia atual no que diz respeito à heroificação?
Anexos:
Soluções para a tarefa
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a) O herói surge como um mito representativo de um ideal que representa um coletivo, e pode surgir de forma artificial, como propaganda, ou resultado de algum ato significativo, mas tem geralmente um caráter político.
b) Os principais nomes da revolução francesa: Danton, Marat e Robespierre.
c) De acordo com o autor, o herói tem que ressoar algo do povo, símbolos que o identifica com os ideais coletivos que representa.
d) Os novos estudos visam desmistificar os heróis, trazendo luz aos fatos que os forjaram.
b) Os principais nomes da revolução francesa: Danton, Marat e Robespierre.
c) De acordo com o autor, o herói tem que ressoar algo do povo, símbolos que o identifica com os ideais coletivos que representa.
d) Os novos estudos visam desmistificar os heróis, trazendo luz aos fatos que os forjaram.
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a) O herói surge como um mito representativo de um ideal que representa um coletivo, e pode surgir de forma artificial, como propaganda, ou resultado de algum ato significativo, mas tem geralmente um caráter político.
b) Os principais nomes da revolução francesa: Danton, Marat e Robespierre.
c) De acordo com o autor, o herói tem que ressoar algo do povo, símbolos que o identifica com os ideais coletivos que representa.
d) Os novos estudos visam desmistificar os heróis, trazendo luz aos fatos que os forjaram.
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