História, perguntado por mikaelly5180, 4 meses atrás

Os primeiros passos do Império: Ora, naquela conjuntura de reorganização do mundo ocidental [...], o destino do Novo Mundo, justamente por encontrar-se em fase inicial de sua organização política, ligava-se com a República. Haja vista os países vizinhos, cujos estados de desordem inquietavam os espíritos reformistas do Brasil. [...] Além do mais, a ideia de República ligava-se ao conceito de igualdade de todos perante a lei, e essa era uma discussão que apavorava a mentalidade reformista por ser exatamente perigosa numa sociedade com quase a metade da população constituída por escravos e com uma economia essencialmente baseada no trabalho forçado. [...] Por outro lado, vivia-se uma época em que a Europa, a França revolucionária inclusive, encontrara na forma de governo monárquico-constitucional o caminho mais seguro para manter a ordem nas sociedades em processo de reformulação. (Maria de Lourdes Viana Lyra. A utopia do poderoso império. Rio de Janeiro: Sete Letras, 1994. p. 205-207. Adaptado.) O1. Considere o texto para citar e explicar as principais diferenças entre a independência do Brasil e dos outros países da América Latina.

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Respondido por Usuário anônimo
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Resposta:

O projeto de independência esboçado em 1817 era lembrado como um espectro a ser afastado, embora constituísse ameaça constante caso os interesses do Reino do Brasil não fossem atendidos. Intimamente ligada ao modelo de independência da América colonial, a forma de governo republicano, por sua vez interligado aos princípios da democracia, não atraía os políticos reformistas, defensores fervorosos do projeto de emancipação. A ideia de emancipação então defendida não implicava rupturas bruscas e perigosas: ‘Será possível que Vossa Alteza Real ignore que um partido republicano, mais ou menos forte, existe semeado aqui e ali, em muitas das províncias do Brasil, por não dizer em todas elas? Acaso as cabeças que intervie ram na explosão de 1817 expiraram já?’ (Discurso de Clemente Pereira, presidente da Câmara do Rio de Janeiro.)

Explicitava-se, então, uma das fortes razões do empenho dos grupos de dominação das províncias do Sudeste pela ficada de D. Pedro, um autêntico representante de uma dinastia europeia. […] Um pouco mais tarde, após a aclamação do príncipe D. Pedro como imperador e defensor perpétuo do Brasil, José Bonifácio revelaria o mesmo temor existente em face da possibilidade de adoção da forma de governo republicano, ao argumentar sobre a necessidade do estabelecimento de bases sólidas para fortalecer o novo Estado contra ‘a democracia e o partido republicano, que era numeroso e inquietante em todos os portos do mar, principalmente em Pernambuco’.

Ora, naquela conjuntura de reorganização do mundo ocidental, em termos de adoção de novas formas de governo, o destino do Novo Mundo, justamente por encontrar-se em fase inicial de sua organização política, li gava-se inexoravelmente à República. Haja vista os exemplos dos novos países vizinhos, cujos estados de desordem inquietavam os espíritos reformistas do Brasil. […]

Além do mais, a ideia de República ligava-se, por sua vez, ao conceito de igualdade de todos perante a lei, e essa era uma discussão que apavorava a mentalidade reformista por ser exatamente perigosa numa sociedade com quase metade da população constituída de escravos e com uma economia essencialmente baseada no trabalho compulsório. […]

Por outro lado, vivia-se uma época em que a Europa, a França revolucionária inclusive, encontrara na forma de governo monárquico-constitucional o caminho mais seguro para manter a ordem nas sociedades em processo de reformulação. Ora, o Brasil constituía a única experiência monárquica do Novo Mundo e, aos olhos dos grupos políticos nativos, a maioria formada segundo os princípios do reformismo ilustrado, a oportunidade de adoção do sistema constitucional, sem os transtornos advindos com as transformações estruturais inerentes à organização de um governo republicano, apresentava-se como uma solução ideal. Daí o esforço da argumentação dos homens da Independência, ou seja, dos agentes políticos que tanto se empenharam no encami nhamento de uma política de acomodação dos interesses divergentes, para possibilitar a formação de um Estado monárquico-constitucional e a consequente continuidade de edificação do poderoso império do Novo Mundo. Nesse sentido, o presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro alertava:

‘Senhor, se Vossa Alteza Real nos deixa, a desunião é certa. O partido da Independência, que não dorme, levantará o seu império, e em tal desgraça, oh! que horrores e de sangue, que terrível cena aos olhos de todos se levanta’.”

LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império. Rio de Janeiro: Sete Letras, 1994. p. 205-207.

Página 345

1. Por que a solução monárquica foi a alternativa escolhida pelos membros da elite do Centro-Sul para a realização da independência do Brasil? → DL/SP/H9

2. Além de sua liderança militar, d. Pedro funcionava como uma espécie de símbolo de unidade para um conjunto de regiões dispersas e sem unidade de interesses? Justifique sua resposta. → DL/CF/SP/CA/H2/H7/H9

3. “Pedro, se o Brasil se separar de Portugal, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros.” Tal conselho a d. Pedro, atribuído a d. João VI na ocasião de sua partida a Portugal, revela o temor de que o poder passasse da realeza para as perigosas mãos populares. A solução monárquica representou uma espécie de legitimação do poder instituído no Brasil em 1822? → DL/CF/SP/CA/H8/H11

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