os maiores conflitos relacionados com estados unidos
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RESUMO
O artigo analisa alguns dos desafios com que o Brasil se depara no relacionamento com os Estados Unidos desde o final da Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Fria, o Brasil tendeu a se alinhar ideologicamente aos Estados Unidos enquanto buscava o desenvolvimento. Com o fim da Guerra Fria percebe-se a adoção de uma política desnacionalizante e de defesa de interesses tópicos nas divergências com os Estados Unidos. No século XXI, o desafio será a integração econômica. Nesse contexto, a ALCA, caso se concretize, trará a necessidade de administrar uma divergência estratégica entre os dois países.
orientação que passaria a ser designada pela denominação algo canhestra de "pragmatismo responsável". Os dois primeiros exemplos, inseriam-se em políticas claramente anunciadas logo no início do governo: a aproximação com as antigas colônias portuguesas, partes da "circunvizinhança de aquém e de além mar", no primeiro caso; a busca de maior autonomia econômica e tecnológica, no segundo. O voto na ONU, do qual retrocederíamos anos depois, foi decidido pelo próprio Presidente7 , no quadro geral da política de aproximação com os países árabes, tornada importante no contexto internacional que se seguiu à primeira crise do petróleo, em 1974.
Em suma, durante a Guerra Fria, a política externa brasileira tendeu, de modo geral, a alinhar-se com a dos Estados Unidos. Tal alinhamento foi quase total do ponto de vista ideológico, porém era às vezes qualificado pela percepção de um conflito entre a rígida política de bloco cobrada por Washington e os interesses de desenvolvimento econômico brasileiro. Eram situações que geralmente levavam à busca de um meio termo, como ocorreu no exemplo já citado da Operação Pan-Americana. Só excepcionalmente – sobretudo nos dois períodos já assinalados, da "política externa independente" e do "pragmatismo responsável" – algumas divergências se tornaram mais explícitas.
Com a implosão do império soviético e o desaparecimento da própria URSS, as relações entre os dois países entraram numa nova fase, dominada por motivações e percepções distintas.
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O triunfo do Ocidente na Guerra Fria não foi apenas uma vitória política da Aliança Atlântica. Talvez mais importante, foi a evidência de que, como sistema de produção, o capitalismo superara o chamado socialismo real, que cessou de ser oferecido ao mundo em desenvolvimento como alternativa de organização político-econômica. Isto teve pelo menos duas conseqüências relevantes para a presente reflexão.
No âmbito internacional, desapareceu o efeito aglutinador que a ameaça soviética, durante quatro décadas, exercera sobre os países do bloco ocidental. Os Estados Unidos continuam a ser a maior e mais desenvolvida economia do planeta e a manter a liderança política e militar no mundo, mas sua preeminência econômica se diluíra significativamente ao longo de quatro décadas. Não só seus aliados da OTAN e o Japão haviam aumentado consideravelmente sua participação no produto e no comércio mundiais, mas também os países em desenvolvimento de renda média passaram, no conjunto, a ocupar um espaço econômico que teria sido difícil de imaginar ao término da II Guerra Mundial. Durante a Guerra Fria, a ameaça externa representada pela União Soviética contribuíra para calar desavenças entre os aliados ocidentais, reforçando assim a unidade do bloco ocidental e a liderança americana sobre os seus aliados. Em última análise, ela ensejara, pois, uma situação esdrúxula, em que, com o desequilíbrio de contas correntes dos Estados Unidos, países enormemente prósperos, como o Japão e a então República Federal da Alemanha, passaram a financiar a liderança de outro sobre eles mesmos. Cessada – ou drasticamente reduzida – a ameaça, desapareciam os fundamentos de tal arranjo, embora não, no imediato, as suas conseqüências.