História, perguntado por amablyisa11, 9 meses atrás

Os índios andam nus sem nenhuma cobertura. Vivem em aldeias com 7 ou 8 casas. Cada casa está cheia de gente e nela cada um tem sua rede de dormir armada. Não há, entre eles, nenhum Rei, nem Justiça, somente em cada aldeia tem um principal que é como capitão, ao qual obedecem por vontade e não por força. (...) Este principal tem três ou quatro mulheres (...) Não adoram coisa alguma nem acreditam que há depois da morte glória para os bons, e pena para os maus. Assim, vivem bestialmente sem ter conta, nem peso nem medida. (Pero de Magalhães Gandavo, Tratado da Terra do Brasil, século XVI) “(...) e é por isso que as feras são domadas e submetidas ao império do homem. Por esta razão, o homem manda na mulher, o adulto na criança, o pai no filho: isso quer dizer que os mais poderosos e os perfeitos dominam os mais fracos e os mais imperfeitos. Constata-se essa mesma situação entre os homens, pois há os que, por natureza,são senhores e os que, por natureza são servos. Os que ultrapassam os outros pela prudência e pela razão, mesmo que não os dominem pela força física, são, pela própria natureza, os senhores; por outro lado, os preguiçosos, os espíritos lentos, mesmo quando tem a força física para realizar todas as tarefas necessárias, são, por natureza,servos. E é justo e útil que sejam servos, e vemos que isso é sancionado pela própria lei divina. Pois está escrito no livro dos provérbios:‘O tolo servirá ao sábio’. Assim são as nações bárbaras e desumanas,estranhas à vida civil e aos costumes pacíficos. E sempre será justo e de acordo com o direito natural que essas pessoas sejam submetidas ao império de príncipes e de nações mais cultivadas e humanas, de modo que graças à virtude dos últimos e à prudência de suas leis, eles abandonam a barbárie e se adaptam a uma vida mais humana e ao culto da virtude. E se recusam esse império, é permissível impô-lo por meio das armas e tal guerra será justa, assim como o declara o direito natural (...) Concluindo: é justo, normal e de acordo com a lei natural que todos os homens probos, inteligentes, virtuosos e humanos dominem todos os que não possuem essas virtudes.” (Juan Gines Sepúlveda, in: CASAS, Frei Bartolomeu de Las. O Paraíso destruído. Porto Alegre: L&PM, 1985,p. 23.)

a) Quem fala no texto?

b) Sobre o que ou sobre quem fala?

c) Quais os temas/assuntos destacados pelo autor do texto?

d) Como você analisa a visão do autor do documento em relação aos povos indígenas da América?

e) Você concorda com a visão do autor? Justifique.

Soluções para a tarefa

Respondido por vitorsantinicruz
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O contato entre os índios e os europeus: uma questão a ser abordada de diferentes modos.

Ao debater o processo de colonização das terras americanas, o professor deve ter o cuidado de não restringir a ocupação e o conflito estabelecidos pelos colonizadores somente pelas motivações de ordem econômica. É claro que, sob o contexto mercantilista, a conquista e a exploração de novas terras eram pontos fundamentais na explicação de tal processo histórico. No entanto, devemos salientar que essa noção de choque entre os europeus e os nativos também aconteceu por outros motivos.

Além das motivações econômicas, devemos expor aos alunos que essa situação de conflito também se embasou na visão etnocêntrica dos colonizadores. Mais do que uma simples questão da época, devemos mostrar que o etnocentrismo é um modo de se enxergar a cultura alheia que ainda vigora na relação entre os povos. Para tanto, basta tomar como exemplo as várias chacotas que costumamos utilizar quando nos referimos aos integrantes de outra nação ou cultura.

Feita essa consideração, sugerimos ao professor a realização de um trabalho de análise e interpretação do relato do historiador e cronista português Pero de Magalhães Gandavo. Nascido no século XVI, esse escritor foi responsável pela organização de uma extensa obra em que falava principalmente sobre a fauna e a flora das terras brasileiras. Naquele período, em que os europeus ainda se acostumavam com o alargamento dos horizontes, esse tipo de texto chamava a atenção do homem branco.

Ao fazer suas descrições da paisagem brasileira, Pero de Magalhães acabou vez ou outra estabelecendo algumas observações sobre os índios que viviam aqui no Brasil. É buscando esse tipo de relato que o professor tem a oportunidade de mostrar que a dominação e o conflito que marcam a implantação da ordem colonial também se arquitetaram pela organização de todo um discurso em que o europeu claramente inferiorizava a população nativa.

De tal modo, sugerimos ao docente a exposição do seguinte texto de Pero:  

Os índios andam nus sem nenhuma cobertura. Vivem em aldeias com 7 ou 8 casas. Cada casa está cheia de gente e nela cada um tem sua rede de dormir armada. Não há, entre eles, nenhum Rei, nem Justiça, somente em cada aldeia tem um principal que é como capitão, ao qual obedecem por vontade e não por força. (...) Este principal tem três ou quatro mulheres (...) Não adoram coisa alguma nem acreditam que há depois da morte glória para os bons, e pena para os maus. Assim, vivem bestialmente sem ter conta, nem peso nem medida. (Pero de Magalhães Gandavo, Tratado da Terra do Brasil, século XVI)

Bons Estudos!

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