Os dois trechos aqui citados apresentam, cada um à sua maneira, a importância da Educação Patrimonial. A Educação Patrimonial constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o patrimônio cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio-histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação. Considera-se, ainda, que os processos educativos devem primar pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por meio da participação efetiva das comunidades detentoras e produtoras das referências culturais, onde convivem diversas noções de patrimônio cultural. (BRASIL, 20161, s.p.) Segundo Bruhns (2004), a Educação Patrimonial é etapa importantíssima no processo de salvamento arqueológico, devendo acompanhar os trabalhos de campo objetivando perceber a melhor forma de levar o conhecimento adquirido às comunidades afetadas pelas pesquisas. A integração comunidade – conhecimento gerado pela pesquisa muitas vezes só acontece a partir da intervenção da educação no processo. Ao trabalharmos o acervo arqueológico através da Educação Patrimonial, estaremos interagindo com a memória local, e talvez, interferindo em lugares de memória – referências espaciais de memórias coletivas, espaços de valorização histórica comum, onde a comunidade se reconhece, memoriza, imagens concretas, apreensões visuais. (BASTOS, 20162, s.p.) Após a leitura dos dois trechos, elabore um pequeno texto (cerca de 10 linhas) demonstrando e justificando a sua posição diante da afirmação de que a integração entre comunidade e conhecimento pode acontecer por meio da intervenção da educação patrimonial. Para auxiliar na sua reflexão, você pode buscar respostas para as seguintes questões: o que é Patrimônio? Ele é importante? Por quê? Como podemos participar de uma mobilização que contribua efetivamente para o reconhecimento, a valorização e preservação de um patrimônio?
Soluções para a tarefa
Atualmente, considera-se Patrimônio Cultural Nacional os bens materiais e imateriais, respectivamente, tombados ou registrados. Não podemos esquecer que os estados e municípios também possuem órgãos e políticas próprias de preservação, que partem, muitas vezes, de visões e instrumentos diferentes do Iphan.
Há também uma política internacional de patrimônio cultural realizada pela Unesco (Lista do Patrimônio Cultural Mundial). Alguns bens culturais do Brasil são reconhecidos por várias instâncias governamentais e muitos outros ainda não foram reconhecidos como patrimônio cultural por nenhum órgão estatal e, muitas vezes, por suas próprias comunidades.
O Patrimônio Cultural é uma importante chave política e social de reconhecimento e proteção de elementos culturais das diversas formas de existir que constituem cada canto do Brasil e que dizem respeito às suas memórias e vínculos de identidade.
Contudo, antes do reconhecimento estatal, é fundamental que as comunidades e os grupos sociais consigam olhar para si e descobrir quais referências, práticas, símbolos, rituais, ícones e relações culturais as definem como um grupo social diferente de outros.
Olhar para si, sob essa perspectiva, significa também olhar para o outro, olhar para fora, reconhecer as diferenças socioculturais, compreender que é possível viver de formas distintas e conviver.
Ao tratar da valorização e proteção daquilo que é culturalmente significativo para cada grupo social e comunidade, o conceito de patrimônio cultural traz para a educação uma oportunidade transdisciplinar capaz de gerar pontes entre o mundo escolar e seu entorno.
Identificar as referências culturais e compreendê-las no espaço e no tempo pode ser um exercício coletivo que altera a visão e o entendimento sobre seu lugar e sua comunidade, fortalecendo assim os vínculos de identidade e pertencimento e estimulando a memória coletiva.