Português, perguntado por nathaliaerika098, 9 meses atrás

Os contos populares são temporais. Como percebemos isso?

Soluções para a tarefa

Respondido por sueliaparecidapireso
0

Resposta:

De acordo com Adam (1997), qualquer narrativa que se constitui por uma sucessão de ações/acontecimentos leva tempo e se desenrola no tempo. As receitas, os guias de montagem, os textos judiciais comportam uma dimensão temporal, mas isso não implica que sejam narrativas propriamente ditas. Segundo Adam (1997, p. 54), "o tempo é um constituinte necessário, mas não suficiente, para definir um texto (ou uma sequência) como uma narrativa".

Para Benveniste (2006), há diferenças entre o tempo cronológico1, o tempo físico e o tempo linguístico. É relevante para esta pesquisa este último, tempo linguístico, por estar ligado ao exercício da fala e, também, por ter seu centro no presente da instância da fala. Como defende Adam (1997), o autor apoia-se em índices temporais de várias ordens: indicações temporais absolutas mais ou menos precisas, indicações relativas à situação de fala ou de escrita ("aqui" e "agora" contextuais) e indicações temporais relativas ao cotexto. Na narrativa, apresentam-se os tempos verbais, mas também os organizadores temporais em que se inserem as classes de palavras: advérbios e conjunções, seguidos de suas respectivas locuções. Adam (2008) também afirma que os organizadores temporais podem se combinar conforme uma ordem de informatividade crescente: E + então + depois + após/em seguida/ mais tarde/ logo em seguida. Apresentamos na página seguinte um quadro proposto por Adam (1997) para exemplificar alguns organizadores temporais:

Segundo Weinrich (1968, p. 79), "os advérbios temporais, ou seja, os tempos, ordenam-se em dois grupos e nos informam, em primeiro lugar, se nos referimos ao mundo narrado ou ao mundo comentado".2 O mundo narrado consiste em informar a quem escuta uma comunicação de que ela é um relato. Já no mundo comentado, o falante está em tensão e seu discurso é dramático, porque trata de aspectos que o afetam diretamente. O falante, nessa situação, está comprometido e seu discurso é um fragmento de ação que modifica o mundo, ou seja, a situação linguística. Dessa forma, os advérbios seguiriam essa lógica, havendo também advérbios pertencentes a cada mundo. Como defende Pinto (2004):

Outras formas, de variado perfil morfossintático, se prestam igualmente à mesma função, constituindo-se num quadro aberto. São os chamados marcadores ou organizadores temporais. Entretanto, a expressão da temporalidade pode por vezes não ser marcada linguisticamente, mas apenas contextualmente.

Perguntas interessantes