Os contadores de histórias, homens e mulheres portadores e guardiões da palavra que narra, como Sherazade, são presenças cujo papel no seio da sociedade transfigurou-se ao longo dos tempos. Chamados aedos pelos gregos, griots na África Subsaariana, menestréis na Europa medieval, mestres da iniciação nos preceitos sagrados de diversas sociedades tradicionais, reconhecidos nos avós, tios, sua grande tarefa tem sido preservar “um tipo de conhecimento armazenado em forma de histórias” (MATOS, 2005, p. 8). Mergulhados nas mudanças históricas e culturais de cada época, já estiveram no centro e na periferia das relações sociais.
No centro, a história é uma unidade fundamental das tradições orais, ela acolhe a vivência religiosa, o conhecimento, a ciência da natureza, o ensino de um ofício, a memória histórica e a diversão (MATOS, 2005). [...] Com a mudança dos tempos, no entanto, a letra e a imagem empurram a palavra oral para a periferia; mais importante que falar ou escutar, tornou-se ler e escrever.
Na década de 1940, em plena II Grande Guerra, Benjamin (2008) refletia sobre a morte do narrador tradicional, aquele que transmitia sua experiência através da palavra aos mais jovens. É ele quem pergunta: “quem encontra ainda pessoas que saibam contar histórias como elas devem ser contadas?” (BENJAMIN,
2008, p. 114). Gislayne Matos (2005), já no século XXI, traçou uma linha cronológica um pouco mais precisa, apontando os diversos estágios de desaparecimento dos narradores tradicionais na Europa, África e Oriente Médio, em função das guerras, pobreza, da crescente evolução tecnológica e de processos outros de colonização. Na América do Sul, o silenciamento dos velhos contadores de histórias se iniciaria nos grandes centros urbanos e, por fim, na década de 1960, estendeu-se à zona rural com a chegada da televisão (MATOS, 2005).
Até meados do século XX, no Brasil, há notícias de longos serões realizados nas calçadas das casas ou à beira dos fogões, cujas horas eram gastas ouvindo e contando histórias. “Todos sabiam contar histórias, [...] contavam à noite, devagar, com gestos de evocação e lindos desenhos mímicos com as mãos”, narra Cascudo (2006, p. 14). A contemporaneidade, no entanto, assiste ao silenciamento dos contadores de histórias e ao surgimento de gerações que viriam a conhecer a Gata Borralheira, bruxas e príncipes através da Disney ou livros e não mais através das vozes familiares dos contadores de histórias próximos
Atividades
1- Quem foi Sherazade? Conte a história dessa personagem.
2- O artigo trata dos contadores de história tradicionais. Qual é a importância dessas histórias de acordo com o texto?
3- Que fatores têm sido responsáveis pelo desaparecimento dos contadores de histórias?
4- Para escrever o artigo a autora pesquisou obras de outros estudiosos. Que estudiosos foram esses?
5- Na sua opinião o cinema, sendo uma forma de arte, contribui ou não para a preservação da memória cultural?
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Resposta : letra a
Explicação: letra a espero ter ajudado
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isso se chama preguiça
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