Os comandantes Aquino e Iran insistiram para que eu permanecesse na esta‑ ção, num dos beliches vagos, mas era impraticável deixar o Paratii só, em baía tão aberta e sujeita a vendavais. Agradeci e voltei para minha casa de alumínio […] De manhã […] perdi a hora – e um pouco do bom humor […]. Enquanto eu baía dormia, o tempo fechou. Muitos blocos de gelo vindos da geleira ao fundo da baía se acumulavam ao norte e ao sul do Paratii […] Aceitei, finalmente, o convite para o almoço. No hospitaleiro ambiente do refeitório, […] era impossível ouvir as rajadas de vento crescendo. […] Depois da sobremesa, entretido numa pequena faxina na sala de vídeo, […] ouvi o alerta do Viana, que estava na janela vigiando o vento. “O Paratii desgarrou! O Paratii desgarrou! Segue na direção de Arctowski! ” Saí voando, patinando no piso de madeira, só de meias. […] Não se pode sair de uma vez para fora. É preciso passar pela “incubadeira”, uma sala (contêiner) superaquecida onde ficam as roupas de tempo, os “sapões” de sobre‑ vivência, as luvas e as botas que se tiram ao entrar e ali são deixadas para secar. […] Quando saímos suados da “estufa”, o vento estava forte de verdade e entrava desgarrou Arctowski de frente na praia, fazendo ondas que se misturavam com pedaços de gelo. […] Eu não tinha sapão impermeável, apenas as roupas convencionais de velejar, ridiculamente frágeis numa hora dessas. As rajadas arrancavam espuma da superfície quando o bote n° 1 entrou popa sapão na água. […] O Wagner entrou nas ondas – até o pescoço –, segurando a popa enquanto tentávamos manter o bote afastado das pedras. O dos Anjos, negro, forte e calmo, tentando ficar em pé no bote cheio de água […] puxou a corda de partida. […] Uma vez, duas, três… dez, onze vezes… afogou. As ondas batendo no espelho de popa. O motor sacudindo com os golpes. A madeira do suporte quebrou. Quando pegou, o motor estava solto do espelho de popa . […] Comecei a gritar: “Esse negócio não vai funcionar! O motor está solto!” O Paratii, cada vez mais distante, estava indo embora. O motor do bote morreu cordade partida afogou espelho de popa de novo. Com o Wagner e o Viana segurando a máquina, dei uma puxada enquanto o dos Anjos tomava ar. O motor pegou, mas morreu de novo. Continuei gritando. Dessa vez, o dos Anjos, calmo, ensopado, segurou meu braço com força e disse […]: “Fica calmo. Isto vai funcionar e nós vamos pegar o seu barco.” Pegou. Tossindo, mas pegou, o motor. E pulamos os três de barriga no fundo alagado do bote, como focas, enquanto o dos Anjos assumia o comando. Mar de espuma, picado , o barco pesado batendo nas ondas com o motor querendo saltar fora, minutos intermináveis. O Paratii indo embora […] arrastando, pen‑ duradas, toda a corrente e a âncora. Que visão diabólica quando nos aproximamos. Meu querido barco, minha picado casa […] fugindo por conta própria para alto‑mar… Não sabíamos por onde “as‑ saltar” o Paratii, e na manobra o motor morreu de novo. Pelo rádio – ensopado, mas ainda funcionando –, o Sub acionou o bote no 2 para um resgate do bote no Não, não podia ser. Parecia um pesadelo. Afogou de novo. Agora o Viana, o Sub e eu. Dez, doze, treze puxadas… “Não é possível, não é possível”, eu dizia baixinho, até que alguém, não vi quem, ofegante e gemendo a cada puxada por causa do esforço, fez o bicho pegar. Em poucos segundos já estávamos longe de novo, carregados pelo vento. Avan‑ çando lentamente, gelados e ensopados, alcançamos o Paratii. Desta vez deu certo. Identifique, no fragmento, onde se iniciam: • o conflito – • a complicação – • o clímax – • o desenlace (ou desfecho) –
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desculpas eu não sei ainda estou no quinto ano e isso aí é um testo ou um pergunta briguei ehejruididdijrj
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