Oque significa etnocentrismo?
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Resposta:
Significado de Etnocentrismo -
Visão de mundo própria da pessoa que considera a sua sociedade, sua nação, seu país ou grupo étnico superiores aos demais.
A palavra etnocentrismo designa uma forma de enxergar outra etnia (e suas derivações, como cultura, hábitos, religião, idioma e formas de vida em geral) com base na etnia própria. A visão etnocêntrica de mundo não permite ao observador de uma cultura reconhecer a alteridade e faz com que ele estabeleça a sua própria cultura como ponto de partida e referência para quantificar e qualificar as outras culturas. Disso se resulta, grosso modo, que o observador etnocêntrico vê-se como superior aos demais em aspectos culturais, religiosos e étnico-raciais.
O que é etnocentrismo -
A palavra etnocentrismo contém os radicais “etno” (derivado de etnia, que significa, por sua vez, semelhança de hábitos, costumes e cultura) e “centrismo” (posição que coloca algo no centro, como referência central a tudo que está a sua volta). A visão etnocêntrica é aquela que vê o mundo com base em sua própria cultura, desconsiderando as outras culturas ou considerando a sua como superior às demais.
Everardo Rocha, antropólogo e professor do departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e um grande estudioso brasileiro do etnocentrismo, afirma que o
“etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc”.
O etnocentrismo pode relacionar-se com o racismo, com a xenofobia ou com a intolerância religiosa, porém esses elementos não são, rigorosamente, as mesmas coisas.
Exemplos de etnocentrismo -
A colonização das Américas iniciou-se sustentada sobre um viés etnocêntrico. Aliás, qualquer movimento que se pretenda colonizador em um local habitado por outros seres humanos é etnocêntrico. Um trecho da carta escrita por Pero Magalhães Gândavo, historiador português do século XVI, para o Rei de Portugal, exemplifica a visão etnocêntrica dos portugueses sobre os brasileiros:
“[...] a língua de que usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (…) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente”.
Essa visão expõe uma hierarquização de culturas que inferioriza os povos nativos do Brasil e estabelece o ponto de vista europeu como o superior arbitrariamente. Os portugueses consideravam o modo de vida tribal como desordenado porque eles buscavam deliberadamente apenas o modo europeu de viver como referencial cultural.
No Brasil o etnocentrismo prevalece ainda hoje, pois o homem branco que aqui vive ainda enxerga o indígena como alguém atrasado socialmente. Também vemos manifestações etnocêntricas por aqui ao percebermos os habitantes dos estados das regiões Sul e Sudeste do país acharem-se mais desenvolvidos cultural ou socialmente que os habitantes das regiões Norte e Nordeste.
Outro exemplo de etnocentrismo que ainda existe em nosso tempo é a visão de que o continente africano é atrasado, devastado por mazelas e pela fome. Se ainda há fome, miséria e doenças na África subsaariana, isso é consequência da exploração europeia que, além de tomar os recursos naturais daquele continente, estabeleceu uma divisão de Estados nacionais que forçou tribos rivais a conviverem juntas, ocasionando guerras civis sangrentas e intermináveis.
Um exemplo marcante de etnocentrismo ocorreu no governo nazista de Hitler, na Alemanha, que julgou existir uma superioridade da suposta raça ariana branca em relação às demais, o que justificava a apreensão, a expulsão e até a morte de povos de outras origens, em especial os judeus.