Artes, perguntado por ErilaneHellem, 11 meses atrás

oq você acha vertigem que realiza suas apresentações em prisões desativadas hospital e igreja abandonadas​

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Respondido por machadomariana2023
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Explicação:

Grupo encabeçado pelo encenador Antônio Araújo, mais representativo conjunto paulista dos anos 1990, responsável pela pesquisa e criação de espetáculos em espaços não convencionais, realizador da Trilogia Bíblica formada por Paraíso Perdido, 1992, de Sérgio de Carvalho; O Livro de Jó, 1995, de Luís Alberto de Abreu; e Apocalipse 1,11, 2000, de Fernando Bonassi.

O grupo nasce em 1992, quando o encenador Antônio Araújo reúne uma equipe de colegas advindos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA/USP. São seus colaboradores nesse período os atores Daniela Nefussi, Johana Albuquerque, Lúcia Romano e Vanderlei Bernardino.

A primeira montagem do grupo é Paraíso Perdido, livremente inspirado no poema barroco de John Milton, 1992. A dramaturgia é desenvolvida junto aos intérpretes por Sérgio de Carvalho e, após um ano de preparo, a encenação de Araújo estreia na Igreja de Santa Ifigênia, no centro de São Paulo. Uma árdua batalha é travada nos bastidores, pois setores conservadores da comunidade religiosa não concordam que a igreja seja utilizada para um espetáculo teatral. Vencidas as resistências, afinal, a realização mostra-se bela, grandiosa, um comovente diálogo entre as figuras humanas em sua busca pela essencialidade divina.

A montagem seguinte desloca o grupo para um outro ambiente: o Hospital Humberto Primo. Com dramaturgia de Luís Alberto de Abreu, o episódio bíblico d´O Livro de Jó se converte num pretexto para a exploração das mazelas enfrentadas pela humanidade naquele final de século. Aproveitando a arquitetura do local, o público acompanha Jó e sua peregrinação espiritual, observa-o em sua luta contra as agruras da existência e a peste, e sua morte no ambiente da sala cirúrgica.

Após um ano de estágios e cursos em Nova York, Araújo retorna cheio de ideias e decide colocar em cena Apocalipse 1, 11, inspirado no Apocalipse, de São João. Desta vez, o texto é de Fernando Bonassi, novamente em "processo colaborativo" com os atores. Esta nova incursão sobre a miséria humana toca pontos abjetos, feridas abertas no tecido social, cenas de horror e miséria em sentido literal. A personagem de João, identificado como um migrante nordestino, percorre ambientes sórdidos até defrontar-se com Jesus Cristo.

Recursos de intensa teatralidade, imersão da equipe nos ambientes e nas personagens enfocadas, rigorosa preparação corporal e vocal constituem a base do trabalho de linguagem do Teatro da Vertigem. Ao lado da ocupação em espaços não convencionais, perdura a exploração de novos procedimentos no âmbito da dramaturgia e da concepção de seus espetáculos, seguidamente premiados e reconhecidos pela crítica e pelo público. Em 2006, o grupo monta BR3, com dramaturgia de Bernardo Carvalho e, em 2010, estreia Kastelo, livremente inspirado no texto de Franz Kafka, direção de Eliana Monteiro.

Participam do grupo os atores Vanderlei Bernardino, Sérgio Siviero, Miriam Rinaldi, Joelson Medeiros, Roberto Audio, Luciana Schwinden, Luís Miranda, Matheus Nachtergaele e Mariana Lima. Entre os colaboradores artísticos destacam-se o iluminador Guilherme Bonfanti; o músico Laércio Resende; o cenógrafo Marcos Pedroso e o figurinista Fabio Namatame.

Sobre a equipe, declara a crítica Beth Néspoli: "Inocência, crime e castigo são temas comuns à trilogia bíblica levada à cena pelo Teatro da Vertigem. Na primeira peça, a inocência perdida era a causa do sofrimento humano. Na segunda, o grupo voltou-se para a revolta de Jó contra o sofrimento a ele infligido sem explicação, o castigo de um homem inocente, um castigo aparentemente sem crime. Nesta terceira peça, Deus não responde aos apelos do homem, que terá de julgar a si mesmo por seus atos. Não há eleitos como no original e Nova Jerusalém está dentro do homem, é preciso uma transformação interna para atingi-la. [...] Embora não sejam interativos no sentido de exigir uma participação física da plateia, os espetáculos do Teatro da Vertigem têm como principal característica destinar-se não só à mente, mas aos sentidos do espectador".1

Fazendo uma análise da trajetória do grupo até então, o crítico Aimar Labaki é categórico: "O Teatro da Vertigem é o mais importante grupo de teatro a surgir no Brasil nos anos 1990. [...] À parte a qualidade excepcional de suas três montagens até agora, é o mais sintonizado com os temas e procedimentos do teatro contemporâneo e o que mais impacto causa nas platéias nacionais ou estrangeiras. [...] Mesmo que a trilogia esteja terminada, os temas e os procedimentos estão longe de serem esgotados. O último espetáculo, ao invés de tentar condensar algumas respostas, levantava ainda mais questões. É de esperar novos lances nessa emocionante trajetória. Mas, mesmo que o grupo se dissolvesse neste momento, seu lugar na história do teatro brasileiro já estaria assegurado".2

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