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Nem só de más notícias é feita a Mata Atlântica. O bioma mais devastado do país recuperou, nos últimos 30 anos, uma área de 219 mil hectares, território equivalente ao da cidade de São Paulo. O mapeamento, realizado entre 1985 e 2015 sob coordenação da ONG SOS Mata Atlântica (SOS MA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, mostra que Paraná e Minas Gerais lideram o ranking dos estados com maior regeneração de seus ecossistemas. O Rio, que já esteve à frente do rol dos devastadores, tornou-se referência em preservação.
O mapeamento analisa a regeneração de vegetação nativa, ou que eram usadas para pastagem e agora estão em estágio avançado de recuperação. Este processo se deve a causas naturais ou a induzidas, como o plantio de árvores nativas. Nos últimos 30 anos, houve uma redução de 83% do desmatamento do bioma.
Sete dos 17 estados com presença de Mata Atlântica apresentaram desmatamento zero — ou seja, abaixo de 100 hectares — entre 2014 e 2015: Rio, Alagoas, Ceará, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte e São Paulo. Com a devastação estagnada, é hora de pensar em políticas de regeneração.
— Agora, o desafio é recuperar e restaurar as florestas nativas que perdemos — explica Marcia Hirota, diretora-executiva da SOS MA. — Embora o levantamento não assinale as causas da regeneração, ou seja, se ocorreu de forma natural ou decorre de iniciativas de restauração florestal, é um bom indicativo de que estamos no caminho certo.
Animada, Marcia já pensa em metas mais ambiciosas do que as apresentadas pelo Brasil no Acordo de Paris. Em documento enviado à ONU, o governo federal comprometeu-se a restaurar 12 milhões de hectares até 2030 em todo o país. Marcia pretende, apenas na Mata Atlântica, recuperar 15 milhões de hectares até 2050.
— A recuperação dos habitats mais devastados pode se firmar como uma fonte de desenvolvimento sustentável. Seria o crescimento da economia florestal — assinala. — Tivemos resultados surpreendentes, como a recuperação do Oeste do Paraná e o fim da extração de carvão em uma região de Minas Gerais. No Rio e em São Paulo, as regiões regeneradas são compostas por muitas espécies, como é exigido por lei.
No Rio, a preservação da Floresta da Tijuca é considerada fundamental para assegurar serviços ambientais, como o fornecimento de água. O estado recuperou 4.092 km², mas ainda conta com 39 focos de desmatamento, cuja área teria entre 1 a 9,4 hectares. E a expansão desordenada das metrópoles também é vista como um obstáculo.
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— Ainda temos muitos focos de desmatamento cuja área é inferior a 3 hectares e que, por isso, passam despercebidos pelo mapa — conta Marcia. — Pedimos para que os municípios façam planos de regeneração para impedir a destruição causada por ocupações.
De acordo com Marcia, a SOS MA distribuiu 36 milhões de mudas de árvores nativas pelo país, especialmente nas áreas de preservação permanente, no entorno de nascentes e na margem de rios produtores de água.
O ranking de regeneração da Mata Atlântica é liderado por Paraná (que recuperou 75,6 mil ha), seguido por Minas (59,8 mil ha), Santa Catarina (24,9 mil ha), São Paulo (23 mil ha), Mato Grosso do Sul (19,1 mil ha), Rio Grande do Sul (10,7 mil ha), Rio de Janeiro (4 mil ha), Espírito Santo (2,1 mil ha) e Goiás (196 ha).