O VESTIDO BRANCO
(Clarice Lispector)
Acordei de madrugada desejando ter um vestido branco. E seria de gaze. Era um desejo intenso
e lúcido Acho que era a minha inocencia que nunca parou. Alguns, bem sei, já ate me disseram.
me acham perigosa. Mas também sou inocente. A vontade de me vestir de branco foi o que
sempre me salvou. Seu e talvez so eu e alguns saibam, que se tenho perigo tenho também uma
pureza. E ela só é perigosa para quem tem perigo dentro de si. A pureza de quem falo é limpida:
até as coisas ruins a gente aceita E têm um gosto de vestido branco de gaze. Talvez eu nunca
venha a te-lo, mas é como se tivesse, de tal modo se aprende a viver com o que tanto falta.
Também quero um vestido preto porque me deixa mais clara e faz a minha pureza sobressair.
E mesmo pureza? O que é primitivo é pureza. O que é espontâneo é pureza. O que é ruim é
pureza? Não sei, sei que às vezes a raiz do que é ruim é uma pureza que não pode ser
Acordes de madrugada com tanta intensidade por um vestido branco de gaze, que abri meu
guarda-roupa Tiha um branco, de pano grosso e decote arredondado. Grossura é pureza? Uma
coisa ser amor, por mais violento, e.
E eis que de repente agora mesmo vi que não sou pura.
2. Qual tipo de narrador: observador ou personagem?
3. Explique qual foi o desfecho
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Resposta:
2- Personagem
3- Ela queria um vestido branco de gaze,mas acabou tendo um vestido de pano grosso e decote arredondado. Aí ela percebeu que não era pura.
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