O uso excessivo das imagens ao longo das redes sociais tem levado boa parte das pessoas à antiga discussão sobre a relação entre imagem e real. Enquanto alguns trazem à tona questões como credibilidade para definir a modalidade da imagem, outros a recebem como o “próprio real”. A partir dessa linha reflexiva, leia a notícia abaixo que foi publicada no dia 6 de maio de 2014, no site G1, sobre uma mulher morta após um boato ter sido divulgado em rede social.
Após refletir e ler a notícia, responda às seguintes questões:
1 - O que caracteriza uma imagem veiculada como “real” ou mais “real” que outras?
2 - Por que os leitores da rede social mencionada tomaram a imagem e notícia divulgada pela mesma rede como real?
Soluções para a tarefa
Resposta:
A imagem é experimentada por meio dos sentidos, mas a percepção sobre a mesma dependerá da representação social que as pessoas tem sobre a realidade. Ou seja, os padrões que caracterizam uma imagem como mais ou menos "real" são contextuais, racionais e variam conforme o tempo e o espaço, o sujeito que a vê e a situação de interação entre os sujeitos.
A imagem - no caso o retrato de uma mulher criminosa - foi a forma utilizada para expressar uma dada realidade e a sua relação com ela: identificar a suspeita. Porém, há muitas formas de olhar para o mundo. O ato de ver dialoga com os filtros, os julgamentos coletivamente construídos, aos quais poucas vezes as pessoas têm acesso e compreensão conscientes.
Explicação:
Resposta:
Como visto, a imagem é experimentada por meio dos sentidos. Contudo, enquanto alguns a percebem como parte do mundo, isto é, como representações sociais, olhares distintos de construir o mundo e a “realidade” / o “real”, outros a apropriam e a tomam como o próprio mundo, como sua materialidade, como se o mundo existisse de antemão, sem a necessária intervenção e relação com o sujeito, como se o “real” já estivesse num já-dado, à espera a ser apropriado pelos sujeitos.
A respeito dessa discussão, é importante considerar o seguinte: se a imagem é uma forma de expressão e existem distintos sujeitos – há diferenças uns dos outros –, há formas distintas de expressão e, portanto, de representação de cada uma das vidas. A maneira que cada um olha para o “real” é repleta de valores que foram herdados desde a infância, por meio das experiências com os pares (referenciais), dos contatos com as várias instituições com as quais são encaradas ao longo da vida – igreja, escola, universidade, etc. – e, também, pela forma com as quais são projetados os olhares de cada um. A visão é uma atividade singular, mas também fundamentalmente social. Desse modo, uma imagem é uma possibilidade de significar o “real” e não o próprio “real”, já que este é um processo de construção dos sujeitos nas suas relações com os outros e o mundo.
A visão é uma atividade singular, mas também fundamentalmente social. Desse modo, uma imagem é uma possibilidade de significar o “real” e não o próprio “real”, já que este é um processo de construção dos sujeitos nas suas relações com os outros e o mundo. Logo, o que caracteriza uma imagem como mais ou menos real varia entre sociedades, culturas, grupos sociais, etc.
Nessa notícia, a imagem – o retrato falado – divulgado em uma rede social de uma suposta sequestradora de bebês, envolvida com magia negra, foi tida como real porque um grupo de usuários a tomaram como credível. A própria imagem foi construída como credível em virtude de um contexto social religioso que aparece como pano de fundo importante a ser considerado. Observe que já o primeiro sublide aparece “Mulher foi morta após página postar boato sobre sequestro e bruxaria” (RIBEIRO, G1, 2014). Não só comumente se condena práticas de bruxaria, mas também sequestros de bebês, os quais são coletivamente construídos de forma negativa e, no caso do segundo, tipificado como crime pela lei. Esses elementos foram importantes para não só uma prévia condenação, mas para que as pessoas a agredissem – e, mesmo se fosse o contrário, nada poderia justificar tamanha violência! –, tomando o retrato falado construído como “real”.
Explicação: