O trem parara e eu abstinha-me de saltar. Uma vez, porém, o fiz; não sei mesmo em que estação. Tive fome e dirigi-me ao pequeno balcão onde havia café e bolos. Se encontravam lá muitos passageiros. Servi-me e dei uma pequena nota a pagar. Como demorassem a trazer-me o troco, reclamei: “Oh!", fez o caixeiro indignado e em tom desabrido. "Que pressa tem você?! Aqui não se rouba, fique sabendo!” Ao mesmo tempo, a meu lado, um rapaz alourado reclamava o dele, que lhe foi prazenteiramente entregue. O contraste feriu-me, e com os olhares que os presentes me lançaram, mais cresceu a minha indignação. BARRETO, Lima. Recordações do escrivão Isaías Caminha. Rio de Janeiro: Penguin, 2010. Lima Barreto enfrentou muitas dificuldades ao produzir uma literatura inteiramente desvinculada dos padrões e gosto vigentes no início do século XX, período este dominado pelos letrados tradicionais. De acordo com o conteúdo no fragmento acima, percebe-se essa literatura mais desconstruída, por: a) questionar a segregação racial e social exclusivamente nas áreas nobres, por ocorrer muito mais no espaço urbano do que no rural. b) refletir forte sentimento nacional e grande preocupação com questões históricas, culturais e sociais. c) abordar explicitamente questões sociais que até então eram timidamente mencionadas na literatura do século XIX, como o racismo, a partir de uma abordagem realista e crítica. d) preocupar-se com o estudo das raças e das culturas formadoras do nordestino brasileiro. e) introduzir temática e formalmente as manifestações modernistas, já que a seleção vocabular de Lima Barreto é uma inovação literária.
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Ε ) introduzir temática e formalmente as manifestações modernistas já que a seleção vocabular de Lima Barreto é uma inovação literária
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