O trecho "como era horrenda a segunda pessoa do plural". Reproduz um pensamento de Rodrigo, que, ao discursar, empregou uma forma de tratamento que ele próprio considerou "horrorosa". Por que, então, ele a teria utilizada?
Soluções para a tarefa
Olá, tudo bem?
Leia este trecho de romance para responder às questões 4 e 5.
[...]
[Rodrigo] lembrou do discurso que pronunciara o ano passado, na
qualidade de paraninfo das meninas que terminavam o curso. Fizera o
elogio da virtude, da religião, da pureza. Nas vossas mãos, meninas de
hoje e mães de amanhã, está o destino do Brasil. Os homens que dareis
ao mundo, os homens cujo caráter haveis de moldar [como era horrenda
a segunda pessoa do plural!], governarão este país [...]. Sede, pois, castas.
Sede, pois, virgens. Sede, pois, puras! Hipocrisia? Talvez. [...]
(Erico Verissimo. O tempo e o vento.)
b) O trecho “como era horrenda a segunda pessoa do plural!” reproduz
um pensamento de Rodrigo, que, ao discursar empregou uma forma de
tratamento que ele próprio considerou “horrorosa”. Por que, então, ele a
teria utilizado?
Rodrigo pode ter usado a segunda pessoa do plural ("vós"), pois, apesar de não ser comum no uso coloquial ou mesmo no modo formal da língua oral, "vós" pode expressar uma certa formalidade e elevação do discurso, que se adequaria aos temas, aparentemente elavados (a virtude, a religião, a pureza), sobre os quais Rodrigo quisera tratar em seu discurso.
No momento posterior em que reflete sobre as palavras que ditas, ele considera a forma "vós" horrorosa justamente por se dar conta do ar artificial que deu ao discurso.
Espero ter ajudado! (:
Resposta:
Rodrigo se viu forçado a adequar a linguagem de seu discurso à situação de comunicação: uma solenidade de formatura, que usualmente se desenvolve em tom pomposo e formal. O tratamento vós é tradicionalmente empregado em situações desse tipo.