Português, perguntado por denis4326, 11 meses atrás

o texto sobre o poema "Carta"

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Respondido por carolynaribeiro1
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É uma carta ao pai, soneto que como a própria Tradição da modernidade em lato sensu, torna tais fatos efêmeros como nos artigos emitidos pelos jornais, pelos noticiários, pelos acontecimentos que vem e vão da boca do povo, onde o português é mais agradável pelo simples fato de ser mais mastigável ao devolver para o leitor a sua própria deglutição como já disse Machado. O leitor é a personagem protagonista daquilo que é observado, tanto da “arte difícil” dita por Paul Valéry que gera o “leitor difícil”.  

          O missivista Drummond põe em sua “Carta” todos as componentes de um autêntico soneto em versos livres de Whitman. A leitura é de fácil compreensão. É um poema-carta, prosa em verso. Onde seu leitor não encontra dificuldade para chegar ao sentimento Drumoniana mais íntimo. Apesar de poder afirmá-lo como um prosador pelo modo de seus híbridos poemas remeterem a atilada característica dos verdadeiros romancistas. Tudo isso, com direito a hemistíquios e cesuras ainda que levando o leitor-intérprete a possíveis releituras dos mesmos versos que, com efeito, se fazem novos.

          No início do primeiro verso-epístola, a memória é afirmada “Há muito tempo, sim...” depois o memorialismo que o torna verossímil ao do imortal Joaquim Manuel Macedo autor de A moreninha (1884) e O moço louro (1845) que por acaso também era cultivador da poesia. Isto aparece no segundo quarteto “... perde a sabedoria das crianças”.

           É bom lembrar que na estréia do primeiro livro Alguma Poesia, o pai de Carlos disse “... vai Carlos ser gauche na vida”.Gauche significa “esquerdo” em francês, que mais tarde nos leva a idéia de “torto”.Os hábitos levam ao desgaste, mas não ao esquecimento completo. A recordação é o eterno retorno à vida. Esta passagem muito semelhante à abertura do primeiro capítulo de O Ateneu de Raul Pompéia que é assim: “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta”. Mas agora pai e filho se reencontram. Os tempos são outros. “Novos tempos, novos costumes”, ou melhor, “Ó tempos! Ó costumes!”.

          A memória paterna, então é evocada, aliás, em “Lição de Coisas”, a saudade, a lembrança, o carinho e o cuidado com a família são nítidos, a exemplo do próprio texto. Pela missiva, Carlos Drummond de Andrade rompe com o passado, presente e futuro para tentar cumprir uma trabalhosa declaração histórica de agora e sempre. Enfim termina: “... e sinto que estou vivo, e que não sonho”. Fim da infância, fim da inocência. Eis aí em Carta, a reminiscência, marca maior deixado pelo poeta Itabirano.    

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