O texto pode ser dividido em tópicos que se referem diretamente à narração dos fatos e à reflexão sobre eles. Em que sequência eles estão organizados no texto?
A carta do mundo
(Bartolomeu Campos de Queirós)
Minha memória sempre me leva a visitar minha primeira sala de aula. Sinto como se jamais
tivesse saído de lá. Meu coração entra em desassossego sempre que penso naquele lugar. Minha
escola foi meu primeiro nó para iniciar toda costura entre meu tempo já vivido e meu tempo ainda
sonhado.
Eu me assentava na primeira carteira. Estar perto da professora era poder apanhar seu giz
quando caía, ou apagar, com pesar, o quadro para outras lições.
Mais que terra, sua escrita era um desenho, e eu tentava imitar sem sair das linhas do
caderno avante. Estar na primeira fila era poder escutá-la melhor, de mais junto, e não deixar que
suas palavras caíssem por terra. Não perder nada de sua sabedoria era sempre o querer de todos.
E quando a professora desenrolava o mapa do mundo e prendia no prego da parede, dois
ouvidos pareciam poucos. Ela apoiava o dedo em um ponto escolhido e nos dizia que vivíamos ali.
Eu olhava pela janela e tinha medo do tamanho do mundo. Depois, ela passeava a régua sobre o
mapa nos falando de ilhas, de mares, de montanhas e de outros povos que já viviam antes de nós.
Nunca descobri a idade do tempo. Eu me sentiria só, diante da carta do mundo, se Dona
Maria Campos não estivesse do meu lado me preparando para desvendá-lo sem temer os
abismos.
Eu morava numa casa com bananeiras, laranjeiras, mangueiras, vacas no curral e ninhos de
ovos no meio do mato. Nas aulas de Aritmética, a professora nos ensinava a dividir as dúzias de
bananas, as dúzias de ovos, os litros de leite, as mangas, tudo em partes iguais. Não havia
problemas, mas o prazer em somar, dividir, multiplicar e subtrair. “
Pedro ganhou uma laranja com dez gomos e dividiu com Ana. Com quantos gomos cada um
ficou?” E se a laranja tivesse onze gomos nós partíamos o outro gomo ao meio e continuávamos
cúmplices.
E quando a tarde anunciava o fim da aula, Dona Maria se assentava. Abria seu livro sobre a
mesa e lia mais um pedaço de uma história que acontecida num país longe de nós, com primavera e flor, com inverno e neve, com rei e rainha coroados de ouro. Suas palavras eram navios que nos
conduziam, à deriva, para além dos oceanos, para outros horizontes, para fantasiados destinos.
Depois – sim – depois a gente pegava o caminho, de terra, com o coração já frio de saudades
do dia seguinte. E na noite, durante o sono, nem era preciso mais sonhar.
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Resposta:
sim pode ser dividido em topicos
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