Português, perguntado por t3yt8agonceloc, 1 ano atrás

o texto os olhos que comiam carne que estrategia e usada pelo narrador neste trecho para nos fazer acreditar na possibilidade de cura de Paulo Fernando?

Soluções para a tarefa

Respondido por VHGR
58
Vou colocar um trecho aqui do texto Os olhos que comiam carne, de Humberto de Campos, que acredito ser o mais provável à pergunta;

Trecho argumentativo sobre a possibilidade de cura:

"E foi quando, de súbito, e como que providencialmente, surgiu na imprensa a informação de que o professor Platen, de Berlim, havia descoberto o processo de restituir a vista aos cegos, uma vez que a pupila se conservasse íntegra, e se tratasse, apenas, de destruição ou defeito do nervo óptico. E, com essa informação, a de que o eminente oculista passaria em breve pelo Rio de Janeiro, a fim de realizar uma operação desse gênero em um opulento estancieiro argentino, que se achava cego há seis anos e não tergiversara em trocar a metade da sua fortuna pela antiga luz dos seus olhos.

A cegueira de Paulo Fernando, com as suas causas e sintomas, enquadrava-se rigorosamente no processo do professor alemão: dera-se pelo seccionamento do nervo óptico. E era pelo restabelecimento deste, por meio de ligaduras artificiais com uma composição metálica de sua invenção, que o sábio de Berlim realizava o seu milagre cirúrgico. "

O autor nos leva a acreditar que por Paulo Fernando possuir rigorosamente o mesmo tipo de causa de cegueira cujo médico alemão estudara, possui uma chance de voltar a enxergar. Ele antes nos diz que é completamente plausível que a cirurgia seja um sucesso, e ela realmente é... em partes como veremos no trecho a seguir, do por quê dos Olhos que comiam carne:

"- Abra os olhos! - diz o doutor.

O operado, olhos abertos, olha em torno. Olha e, em silêncio, muito pálido, vai se pondo de pé. A pupila entra em contacto com a luz, e ele enxerga, distingue, vê. Mas é espantoso o que vê. Vê, em redor, criaturas humanas. Mas essas criaturas não têm vestimentas, não têm carne; são esqueletos apenas; são ossos que se movem, tíbias que andam, caveiras que abrem e fecham as mandíbulas! Os seus olhos comem a carne dos vivos. A sua retina, como os raios-X, atravessa o corpo humano e só se detém na ossatura dos que a cercam, e diante das cousas inanimadas! O médico, à sua frente, é um esqueleto que tem uma tesoura na mão! Outros esqueletos andam, giram, afastam-se, aproximam-se, como um bailado macabro!

De pé, os olhos escancarados, a boca aberta e muda, os braços levantados numa atitude de pavor, e de pasmo, Paulo Fernando corre na direção da porta, que adivinha mais do que vê, e abre-a. E o que enxerga, na multidão de médicos e de amigos que o aguardam lá fora, é um turbilhão de espectros, de esqueletos que marcham e agitam os dentes, como se tivessem aberto um ossuário cujos mortos quisessem sair. Solta um grito e recua. Recua, lento, de costa, o espanto estampado na face. Os esqueletos marcham para ele, tentando segurá-lo."

Sua visão em vez de ver como uma pessoa, vê como um raio x que devora a carne, deixando apenas os ossos e as massas espectrais à mostra. O que termina na loucura e desespero de Paulo Fernando e num trágico fim. 

O que complementa a questão aqui, no entanto, é o que o autor omite quando diz: O operado, olhos abertos, olha em torno. Olha e, em silêncio, muito pálido, vai se pondo de pé. A pupila entra em contacto com a luz, e ele enxerga, distingue, vê; Sim, Paulo Fernando vê, mas não o que queria, e aqui o autor nos faz pensar que realmente ele viu, até seguir lendo e constatar que ele possui os olhos que comem carne.

Respondido por brendaisis
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Primeriamente o autor afirma que o homem doente que sofre a operação está nas mãos de uma pessoa especialista, que como afirma o texto, apresenta um amplo conhecimento do que ocorre com o paciente, o que garante ao leitor uma boa confiança no que está por ser realizado.

Em seguida, o autor afirmar que o paciente consegue ver algumas coisas, embora de formas menos comuns, por intermédio de uma visão de raio x. Por isso, mais um surgimento de esperança.

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