O texto a seguir destaca algumas das conclusões de um estudo sobre o processo de conversão dos indíge-nas ao cristianismo. Leia-o, analise a imagem e responda às questões propostas.O processo de evangelização dos índios brasileiros não se deu de forma efetiva, como fora planejado pelas ordens religiosas queaqui se instalaram no período colonial. O fracasso parcial do proeto de conversão dos gentios ao cristianismo deveu-se menos àresistência imposta pelas diversas etnias presentes nos estados do Brasil e Grão-Pará e Maranhão e mais a fatores culturais. [...][...] Os religiosos demonstravam desconforto com a repetição de rituais pagãos entre homens e mulheres que já se consideravamcristãos. “Já havia três gerações de índios cristãos, mas os rituais baseados no universo cosmológico continuavam, conformerelatado nos documentos a que tive acesso”, diz Carvalho Júnior.[...] Para o historiador, uma leitura atenta desses relatos revelaa diferença entre a projeção feita pelos inquisidores e a articu-lação que as populações indígenas faziam entre as simbologiascristã e cosmológica. “As atividades eram descritas como demo-níacas, mas quando olhadas com mais cuidado, elas lembramrituais indígenas anteriores”, sustenta. Carvalho Júnior tambémlocalizou acusações contra a índia Sabina, personagem históricorelativamente conhecido. Segundo as descrições dos comissá-rios, a despeito de fazer orações cristãs e frequentar a Igreja,ela reproduzia rituais indígenas, como sugar a doença pela boca,defumar a moradia ou administrar plantas medicinais. “Sabinanão chegou a ser presa, pois gozava de certo prestígio junto àsautoridades portuguesas, algumas delas suas clientes. Elas jus-tificavam a condescendência dizendo que a índia não fazia feitiço,mas sim o retirava”, esclarece o especialista.A preservação dos costumes originais, no entender do historia-dor, foi a principal responsável pelo insucesso parcial do projetoevangelizador das ordens religiosas. [...] Na verdade, esses índiosnão resistiam propriamente ao processo de evangelização. Elesapenas buscavam nos rituais cosmológicos referências para po-der traduzir o que estavam aprendendo. Eles se sentiam efetiva-mente cristãos, mas esse cristianismo tinha que fazer sentido. Epara conferir sentido ao cristianismo, eles o articulavam com asimbologia anterior”, argumenta Carvalho Júnior.(ALVES FILHO, Manuel. Tese mostra como os índios recriaram padrõesreligiosos da catequização. Disponível em: . Acesso em: 4 set. 2012.)a) De acordo com o estudioso Almir Carvalho Júnior, por que as práticas indígenas que poderiam serconsideradas um exemplo de resistência ao processo de evangelização revelam adaptações e permanências culturais?b) Por que podemos dizer que a aceitação das práticas da nativa Sabina pelas autoridades metropolitanase eclesiásticas revelava uma flexibilidade na aplicação dos modelos europeus na colônia?c) Observe as duas imagens de Albert Eckhout e descreva os sinais de europeização e os de permanênciade traços culturais nativos.
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a) Porque os índios se utilizam de seus próprios aparatos religiosos e simbologias pertencentes a sua cultura para apropriar-se do cristianismo, adaptando-se à conversão.b) Percebe-se a flexibilização porque Sabina não foi presa nem queimada em uma fogueira! Na verdade, os portugueses se aproveitaram de suas práticas dizendo que ao invés de jogar feitiços, ela os curava.c) Na pintura da mulher, podemos perceber os traços da miscigenação, ela está vestida, tem trejeitos europeus, reflete um ideal renascentista de harmonia, tem os cabelos arrumados, carrega delicadamente um cesto de flores (traços de europeização) , mas está descalça, como os nativos, como o índio retratado na segunda figura, que está completamente nu, adornado de acordo com sua cultura e carregando suas armas (traços de permanência).
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