O texto 01 debate uma nova visão sobre a tradicional teoria da chegada do homem na América. Identifique a circunstância que provocou essa nova leitura sobre o povoamento da América, a partir das evidenciações de Niede Guidon.
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Os achados arqueológicos de Guidon levam a crer que o povoamento do
continente americano se deu muito antes do que se acredita. Escavações
realizadas pela arqueóloga Niède Guidon no sítio Boqueirão da Pedra Furada, no
Piauí, revelaram a data mais antiga até então alcançada pela arqueologia
nacional: 48.000 anos. Esse mesmo sítio já havia fornecido várias datas,
indicando uma sequencia de ocupações humanas que se iniciava em 6.000 anos e
recuava no tempo, até atingir, nas camadas mais profundas das escavações, acima
de 30.000 anos de idade. E chegou a 48.000.
Muitas discussões ocorreram e
continuam até nos dia de hoje. Essas datas colocaram em cheque a teoria
da chegada do homem nas Américas, que estimava o início da ocupação por volta
de 12.000 anos atrás. Este momento correspondeu ao período final da última
grande glaciação terrestre, que formou uma ponte de gelo no Estreito de
Behring, unindo o extremo nordeste da Ásia ao Alasca. Grupos de caçadores
especializados, acompanhando as manadas de mamutes, teriam passado pela "ponte"
e, assim, iniciado a ocupação das Américas. Dos planaltos norte-americanos
teriam iniciado sua migração rumo ao sul, espalhando-se por todo o continente e
alcançando o Brasil por volta de 10.000 anos atrás.De fato todo esse processo
de ocupação ocorreu. O problema é que, com uma data de mais de 12.000 anos no
Brasil, a passagem pelo Estreito de Behring não teria marcado o início da
ocupação humana nas Américas. Seria apenas mais uma das diversas vias de acesso
que para aqui afluíram.
Assim, o povoamento das Américas teria sido realizado de
forma muito mais complexa do que até então se imaginava. É possível que tenham
ocorrido migrações muito mais antigas pelo próprio Estreito de Behring ou,
então, que tenham sido utilizadas rotas alternativas.
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