O termo “mulato” nasceu racista, mas sem ele é difícil entender o Brasil. A palavra “mulato(a)” está na berlinda. Rebola no centro da polêmica às vésperas daquele que promete ficar na história como o Carnaval PC (“politicamente correto”, e não “Partido Comunista” ou “computador pessoal”).No pente fino que alguns ativistas passam em marchinhas consagradas, à cata de vestígios de preconceito, a palavra tem sido tratada como piolho. Anda com fama de racista. Será? Começo por varrer da avenida e jogar no lixo o argumento autoritário de que, não sendo mulato (há controvérsia), devo ficar calado no meu canto. É inaceitável. [...] Filha de uma época escravocrata (século 16), é inegável que a palavra “mulato” nasceu racista. Seu parentesco com “mula” é um fato. O elo entre o animal e a pessoa mestiça de branco e negro se deu pela ideia de hibridismo. O latim mulus já designava o produto – estéril – do “cruzamento do cavalo com a jumenta, ou da égua com o jumento” (Houaiss). [...] Entre essa constatação etimológica e a revolta de setores do movimento negro contra “mulato”, há uma distância. [...] Em mais de quatro séculos, o vocábulo “mulato” se encharcou tanto de história que hoje seria impossível descartá-lo sem uma grave perda cultural. [...] O Brasil é racista, mas de um racismo meândrico, muito diferente do americano, no qual negro é negro, branco é branco e a mulata não é a tal. E vem de lá o modelo – ululantemente racista – segundo o qual basta ter “uma gota” de sangue negro para ser negro. Não mulato, não mestiço, nada de nuance. Negro. A importação desse trator conceitual é avanço? Retrocesso? Meio a meio? Ninguém disse que seria simples. De todo modo, acho recomendável ir devagar nessa hora, nem que seja em respeito ao sábio mandamento carnavalesco de João Bosco e Aldir Blanc: “Não põe corda no meu bloco!” Baixando o volume da gritaria, talvez a gente consiga distinguir na cantoria vinda do bloco que desfila na rua ao lado o potencial libertário dos versos mulatos de Martinho da Vila: “José do Patrocínio/ Aleijadinho/ Machado de Assis que também era mulatinho/ Salve a mulatada brasileira!”. (Sérgio Rodrigues No trecho: “O Brasil é racista, mas de um racismo MEÂNDRICO, muito diferente do americano...”, podemos substituir a palavra destacada, sem alterar o sentido da frase, em:
(A) O Brasil é racista, mas de um racismo declarado, muito diferente do americano.
(B) O Brasil é racista, mas de um racismo exacerbado, muito diferente do americano.
(C) O Brasil é racista, mas de um racismo sutil, muito diferente do americano.
(D) O Brasil é racista, mas de um racismo difícil de compreender, diferente do americano.
(E) O Brasil é racista, mas de um racismo sem querer magoar, muito diferente do americano.
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
letra D
Explicação:
marque como melhor resposta por favor.
Perguntas interessantes
Português,
4 meses atrás
Inglês,
4 meses atrás
História,
4 meses atrás
Química,
6 meses atrás
Inglês,
10 meses atrás
Matemática,
10 meses atrás
Matemática,
10 meses atrás