O suporte textual pode exercer algum efeito de sentido sobre a forma como lemos um gênero textual?
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Resposta:
Os gêneros textuais podem ser definidos como unidades formadoras de sentido, com determinados propósitos ou intencionalidades discursivas. Nesse sentido, a vontade do emissor (locutor) poderá ser revelada por meio do discurso: informar, convencer, contar uma história, persuadir, posicionar-se, opinar etc.
Importante ressaltar que não é o fato de pertencer a um determinado gênero que fará com que o texto seja rigorosamente imutável, ou seja, é uma inverdade dizer que todos os artigos de opinião serão iguais. A estrutura do texto e o que ele enuncia sempre dependerão das condições de produção: quem diz, por que diz, para quem, como, por meio de qual veículo, com qual intenção e em que contexto.
Para entendermos melhor o contexto dos gêneros textuais, podemos construir a seguinte imagem: os gêneros são elementos constitutivos de grandes conjuntos, uma vez que reúnem determinadas sequências linguísticas em sua composição, mas se diferem com relação à intencionalidade, e trazem também outras características que se desenvolvem considerando o contexto cultural e temporal a que estão submetidos.
Vejamos: se pensarmos em um grande conjunto chamado tipo narrativo, poderemos ver dentro dele diversos elementos: fábula, conto, crônica narrativa, diário, romance etc. O que esses textos têm em comum? Todos eles contam histórias, narram, relatam... No entanto, todos eles realizam isso da mesma forma? Não.
Se observarmos os gêneros fábula e conto, veremos imediatamente que, embora pertençam ao tipo narrativo, são textos que se diferenciam, por exemplo, com relação à construção das personagens e à intenção discursiva, tanto que a fábula, de maneira alegórica, provoca, por meio da narrativa, a reflexão sobre um ensinamento, uma moral, algo que não pertence ao universo composicional do conto.