"O Sinhô foi açoitar sozinho a negra Fulô. A negra tirou a saia e tirou o cabeção, de dentro dêle pulou nuinha a negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! Cadê, cadê teu Sinhô que Nosso Senhor me mandou? Ah! Foi você que roubou, foi você, negra Fulô? "A Sinhá mandou arrebentar-lhe os dentes: Fute, Cafute, Pé-de-pato, Não-sei-que-diga, avança na branca e me vinga. Exu escangalha ela, amofina ela, amuxila ela que eu não tenho defesa de homem, sou só uma mulher perdida neste mundão. Neste mundão. Louvado seja Oxalá. Para sempre seja louvado." (Essas duas cenas de ciúmes concluem dois textos diferentes de Jorge de Lima. A primeira pertence ao conhecido poema modernista "Essa negra Fulô"; a segunda, ao poema "História", de Poemas Negros (1947). Em relação a "Essa negra Fulô", o poema "História", especificamente, representa a) a reiteração da denúncia das relações de poder, muito arraigadas no sistema escravocrata, que colocam no mesmo plano violências raciais e sexuais. b) a passagem de uma caracterização da mulher negra como sedutora para uma postura solidária em relação à escrava, que explicita as estratégias compensatórias de que se vale para sobreviver. c) a permanência de uma visão pitoresca sobre a situação da mulher negra nos engenhos de açúcar, que oculta os mecanismos de poder que garantiam sua exploração. d) a superação da visão idílica da vida na senzala, graças a uma postura realista e social, que revela a violência das relações entre senhores e escravos.
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Em relação a "Essa negra Fulô", o poema "História", especificamente, representa:
B) a passagem de uma caracterização da mulher negra como sedutora para uma postura solidária em relação à escrava, que explicita as estratégias compensatórias de que se vale para sobreviver.
O poema "História" também aborda a denúncia das relações de poder no regime escravocrata, com um retrato da mulher negra sofrendo violência física ou sexual.
A diferença é que, no poema “Essa negra Fulô”, a escrava utiliza a sedução para sobreviver naquele sistema opressor.
Já em “História”, a mulher é faz uma mandinga, pedindo aos deuses para castigar a mulher branca que a punira. Assim, o eu lírico se mostra solidário com sua causa e sofrimento.
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