Filosofia, perguntado por loucodehollywood28, 8 meses atrás

O ser para a morte
Por Martin Heidegger*
“A morte não é de fato uma simples presença que ainda não foi atuada, não é um faltar último redu-
zido ad minimum, mas é, antes de tudo, uma iminência que ameaça.
(…) Porém, pode ameaçar o ser-aí, por exemplo, também uma viagem, uma explicação com outros,
a renúncia a algo que o próprio ser-aí pode ser: possibilidades, estas, que pertencem ao ser-aí e que se
baseiam no ser com os outros.
A morte é uma possibilidade de ser que o próprio ser-aí deve sempre assumir por si. Na morte o
ser-aí ameaça a si próprio em seu poder-ser mais próprio. Nessa possibilidade isso ocorre para o ser-aí
puramente e simplesmente por causa de seu ser-no-mundo. A morte é para o ser-aí a possibilidade de
não-poder-mais-ser-aí. Como nessa possibilidade o ser-aí ameaça a si próprio, ele é completamente
remetido ao próprio poder-ser mais próprio. Esta possibilidade absolutamente própria e incondicio-
nada é, ao mesmo tempo, a extrema. A morte é a possibilidade da pura e simples impossibilidade mais
própria, incondicionada e insuperável. Como tal é iminência ameaçadora específica. (…)
Esta possibilidade mais própria, incondicionada e insuperável, o ser-aí não a cria acessória e ocasio-
nalmente no decurso de seu ser. Se o ser-aí existe, já é também jogado nessa possibilidade. Em primeiro
lugar e em geral o ser-aí não tem nenhum ‘conhecimento’, explícito e teórico, de estar entregue à morte e
que esta faça parte de seu ser-no-mundo. O ser-jogado na morte se lhe revela do modo mais originário e
penetrante na situação emotiva da angústia. A angústia diante da morte é angústia ‘diante’ do poder-ser
mais próprio, incondicionado e insuperável. (…) A angústia não deve ser confundida com o medo diante
do falecimento. Ela não é de modo nenhum uma tonalidade emotiva de ‘depressão’, contingente, casual à
mercê do indivíduo: enquanto situação emotiva fundamental do ser-aí, ela constitui a abertura do ser-aí
ao seu existir como ser-jogado no poder-ser mais próprio, incondicionado e insuperável, e se aprofunda a
diferença em relação ao simples desaparecer, ao puro deixar viver e à ‘experiência vivida’ do falecimento.O ser-para-o-fim não é o resultado de uma deliberação repentina e irregular, mas faz parte essencial
do ser-jogado do ser-aí, tal como se revela, em um ou outro modo, na situação emotiva (…).
A interpretação pública do ser-aí diz: ‘morre-se’; mas, como se alude sempre a cada um dos ou-
tros e a nós na forma do ser anônimo, subtende-se: de vez em quando não sou eu. Com efeito, o ser
é o ninguém. O ‘morre’ é de tal modo nivelado a um evento que certamente se refere ao ser-aí, mas
não concerne a ninguém propriamente. Nunca como neste discurso a respeito da morte torna-se claro
que o palavreado é acompanhado sempre do equívoco. O morrer, que é meu de modo absolutamente
insubstituível, confunde-se com um fato de comum acontecimento que sucede ao ser. Esse discurso
típico fala da morte como de um ‘caso’ que tem lugar continuamente. Ele faz passar a morte como algo
que é sempre já ‘acontecido’, ocultando seu caráter de possibilidade e, portanto, as características de
incondicionabilidade e insuperabilidade. Com esse equívoco o ser-aí coloca-se na condição de perder-
se no ser justamente em relação ao poder-ser que mais do que qualquer outro constitui seu si-próprio
em relação ao ser-para-a-morte mais próprio.
(…) Existindo para a própria morte, ele [o ser-aí] morre efetiva e constantemente até que não tenha
chegado a seu próprio falecimento. Que o ser-aí morra efetivamente significa, além disso, que ele já
sempre decidiu, de um ou outro modo, quanta a seu ser-para-a-morte. O desvio cotidiano e degenera-
tivo diante da morte é o inautêntico. Mas a inautenticidade tem na sua base a autenticidade possível. A
inautenticidade caracteriza um modo de ser em que o ser-aí pode extraviar-se – e no mais das vezes se
extraviou -, mas no qual não é obrigado a se extraviar necessária e constantemente.” No texto a morte é caracterizada pelos termos incondicionalidade e insuperabilidade. Defina es-
ses termos.
3 — O texto mostra que a morte deve ser vivida como experiência antecipadora. Explique:
4 — Descreva as sensações que a morte provoca:
a) Angústia
b) Medo
c) Renúncia
d) Perda

Soluções para a tarefa

Respondido por wanderson99952443
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epero ter ajudado *coloquei isso no meu*

Anexos:

ester32844: vlw
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