o saneamento básico e escassez de água potável
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Os rios possuem grande capacidade de depuração das águas – capacidade de tornar pura uma água poluída – através da oxigenação que ocorre em quedas d’água e com o recebimento de águas de melhor qualidade de seus afluentes e subafluentes. Mesmo com essa disposição à depuração, as águas superficiais são as mais atingidas pelos poluentes produzidos pelas atividades urbanas e industriais. Desde as áreas de nascentes, os rios são alterados em razão de aplicações múltiplas, como a geração de energia, navegação, contaminação por resíduos sólidos e esgoto.
Em meados do século XX, o Brasil iniciou a sua industrialização tardia, estimulando o êxodo-rural e a urbanização. A utilização dos recursos hídricos aproveitou o imenso potencial que o território brasileiro detém para a idealização de projetos hidrelétricos, uso da água para a agropecuária e abastecimento da população. Esse potencial está relacionado com uma característica natural: presença de climas úmidos na maior parte do Brasil, configurando rios perenes e com grande volume de água.
Em contrapartida, sucessivas administrações parecem não ter compreendido que a água é um recurso finito, apesar de ser renovável e abundante em um país como o Brasil. A expansão das cidades e a natureza da ocupação dos centros urbanos provocou algo aparentemente improvável: a iminência da escassez de água em áreas metropolitanas que não possuem déficit hídrico – situação que ocorre somente onde a precipitação é menor do que a evaporação. As chuvas ocorrem, e os anos naturalmente secos em razão de eventos climáticos sazonais, como, por exemplo, as oscilações El Niño e La Niña, não representam o maior fator responsável pela a redução da oferta de água potável. O que está ocorrendo é um desequilíbrio entre o consumo de água potável e a capacidade dos reservatórios e rios de serem reabastecidos e depurados.
O termo saneamento básico abrange os serviços de coleta e tratamento de esgoto, abastecimento de água potável, coleta de lixo e limpeza das vias públicas. Segundo relatório apresentado pelo Ministério das Cidades, no ano de 2010 somente 46,2% da população brasileira possuía coleta de esgoto. Na região Norte, onde está localizada a maior parte das reservas brasileiras de água doce, os dados apontam que apenas 6,2 % dos domicílios estão providos de coleta de esgoto.
Essas informações refletem as condições de submoradia de milhões de pessoas no país, submetendo essa população a uma baixa qualidade de vida e exposição a doenças provocadas pela água contaminada e pelo acúmulo de lixo. O mesmo relatório indicou que apenas 6 entre as 100 maiores cidades brasileiras conseguiram alcançar um nível superior a 80% do tratamento de esgoto: Curitiba-PR, Jundiaí -SP, Maringá-PR, Niterói-RJ, São José do Rio Preto-SP e Sorocaba-SP.
A sociedade teve que se acostumar com rios urbanos que se assemelham a esgotos a céu aberto, que recebem diariamente toneladas de resíduos de fontes artificiais de poluição. O acúmulo de matéria orgânica nos rios, em especial compostos formados por fósforo e nitrogênio, origina o fenômeno da eutrofização, que impede a passagem da luz solar e dificulta a oxigenação das águas. Por esse motivo, as águas dos rios urbanos muito poluídos exalam um cheiro muito forte, resultado das toxinas eliminadas pelas bactérias anaeróbicas que atuam como agentes decompositores.