O que Thomas Muntzer tem a ver com Reforma protestante?
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Para Thomas Müntzer, a essência do cristianismo seria a humildade, a igualdade, a solidariedade, a divisão dos bens. Pretendia ainda erigir o Reino de Deus na Terra, eliminando todos os não crentes, uma pretensão que se inseria na longa tradição do milenarismo. Essa interpretação levou historiadores a ligarem Müntzer a posicionamentos considerados do início do cristianismo, desenvolvidos na época do Império Romano e conhecidos como cristianismo primitivo. A crítica de Müntzer à nobreza, a classe social mais poderosa de sua época, era também radical.
Segundo ele, “a maior infâmia da terra consiste em que ninguém quer tomar para si a miséria do pobre; os grandes desse mundo agem como querem. Eis, pois, o auge da avareza, do sonho e da pilhagem dos nossos Príncipes e senhores: apossam-se de toda criatura, sejam peixes n'água, aves no céu ou plantas na terra; tudo deve ser seu. Em seguida espalham o mandamento de Deus entre os pobres, e dizem: Deus ordenou que não roubeis! Contudo, não acharam uso deste mandamento para si mesmos.” [1]
As ideias de Müntzer uniram religião e política, em um período em que o feudalismo estava se desestruturando na Europa ocidental. Essa postura tomaria uma característica revolucionária, principalmente depois do contato de Müntzer com os anabatistas, criando as bases teóricas das revoluções camponesas na Alemanha, durante o século XVI.