O que são os processos de interiorização e objetivação e qual sua relação com a cultura e uma sociedade?
Soluções para a tarefa
Explicação:
socialização secundária é a interiorização de submundos (“realidades parciais” caracterizadas por componentes normativos, afetivos e cognoscitivos) institucionais ou baseados em instituições. É a aquisição de conhecimentos de funções específicas, funções direta ou indiretamente com raízes na divisão do trabalho. Sua extensão e caráter são definidos pela complexidade da divisão do trabalho e concomitantemente a distribuição social do conhecimento (conhecimento como resultado da divisão do trabalho e cujos “portadores” são institucionalmente definidos).
Exige a aquisição de vocabulários específicos de funções (ou seja, interiorização de campos semânticos que estruturam interpretações e condutas de rotina em uma área institucional). Ao mesmo tempo, são também adquiridas “compreensões tácitas”, avaliações e colorações afetivas desses campos semânticos. Eles exigem pelo menos os rudimentos de um aparelho legitimador, frequentemente acompanhado de símbolos rituais ou materiais. O caráter desta socialização secundária depende do status do corpo de conhecimento em questão no interior do conhecimento simbólico em totalidade.
Torna-se não somente por adquirir as habilidades exigidas, mas por ser capaz de compreender e usar essa linguagem (pág. 179). Este processo de interiorização acarreta a identificação subjetiva com a função e suas normas adequadas. Este corpo de significados será sustentado por legitimações que vão de simples máximas até complexas construções mitológicas. Estas legitimações devem ser de natureza compensatória.
Para estabelecer e conservar a coerência, a socialização secundária pressupõe procedimentos conceituais para integrar diferentes corpos de conhecimento. A aprendizagem se estabelece em termos da estrutura fundamental desse conhecimento. As sequencias de aprendizado podem também ser manipuladas em função dos direitos adquiridos do pessoal que ministra o corpo de conhecimentos. São estabelecidas institucionalmente para reforçar o prestígio das funções em questão ou satisfazer outros interesses ideológicos (pág. 182). A relação da eficácia desse aprendizado com o tom de realidade, na construção a partir da realidade doméstica.
Os processos formais da socialização secundária supõe um processo precedente de socialização primária, isso é, deve tratar com uma personalidade já formada e um mundo já interiorizado. Sejam quais forem os novos conteúdos que devem agora ser interiorizados, precisam sobrepor-se a realidade presente, senão há um problema. O fato de tais processos não pressupõem um alto grau de identificação e seus conteúdos não possuem a qualidade da inevitabilidade podem ser úteis na prática porque permitem sequencias de aprendizado racionais e emocionalmente controladas (em alguns casos é preciso criar técnicas especiais para produzir a identificação e a inevitabilidade julgadas necessárias. As técnicas aplicadas nestes casos destinam-se a intensificar a carga afetiva do processo de socialização, adquirindo uma carga de afetividade de tal grau que a imersão na nova realidade e o devotamento a ela são institucionalmente definidos como necessários. A facilidade com que se sacrifica é evidentemente a conseqüência final deste tipo de socialização – pág. 187). O que cria a necessidade dessa intesificação é a competição entre o pessoal das várias instituições encarregado da definição da realidade.
As funções da socialização secundária têm um alto grau de anonimato, sendo portanto facilmente descartáveis dos executantes individuais. Este formalismo e anonimato estão ligados ao caráter afetivo das relações sociais na socialização secundária. Isso acarreta ao conteúdo daquilo que é ensinado na socialização secundária uma inevitabilidade muito menos subjetiva, e por sua vez, o tom de realidade do conhecimento interiorizado é mais facilmente posto em parênteses (o sentimento subjetivo de que estas interiorizações são reais é mais fugitivo). É também relativamente fácil anular a realidade das interiorizações secundárias.
A socialização secundária prossegue eficientemente só com a quantidade de identificação mútua incluída em qualquer comunicação entre seres humanos. Na socialização secundária, o contexto institucional é em geral percebido.