o que representa pilar ou a sua importância no conto de escola?
Soluções para a tarefa
“O pobre diabo (Pilar usa essa expressão para se referir a Raimundo, por este estar corrompendo-se) contava com o favor, - mas queria assegurar-lhe a eficácia...”; “...pegou dela e veio esfregá-la, à minha vista, como uma tentação...”. “Realmente era bonita, fina, branca, muito branca; e para mim, que só trazia cobre no bolso, quando trazia alguma cousa, um cobre feio, grosso, azinhavrado...” Ele faz aqui um balanço do conto, e tenta provar sua honestidade.
“Não queria recebê-la, e custava-me recusá-la”, (idéias contrárias novamente). “Em verdade, se o mestre não visse nada, que mal havia?” Nesse trecho Pilar faz jus ao ditado “o que os olhos, não vê, o coração não sente”.
“De repente, olhei para Curvelo e estremeci; tinha os olhos em nós, com um riso que me pareceu mau”. Aqui fica clara a maldade e inveja de Curvelo, levando o personagem Pilar a um tempo psicológico, onde as horas parecem se arrastar e ele começa a devanear; “... no céu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele...”.
Seu devaneio é interrompido pelo grito do mestre chamando-o, começando aqui uma tempestade para Pilar e Raimundo. “Fui e parei diante dele”. “... enterrou-me pela consciência dentro de um par de olhos pontudos...”. “Toda a escola tinha parado...”.
Curvelo o delator de Pilar e Raimundo, faz com que a máscara da aparência caia, tendo sua essência invadida, o “pilar” tão sólido desmorona.
No seguinte parágrafo tem-se mais uma vez a tensão inveja, através de Curvelo, que comete a delação, pelo fato de estar tomado pela inveja, mas arrependendo-se depois por ver o castigo que o mestre aplica a Raimundo e Pilar: “... pode ser até que se arrepende-se de nos ter denunciado; e na verdade, porque denunciar-nos? Em que é que lhe tirávamos alguma coisa?” Bem demonstrado aqui, que a inveja muitas vezes domina o ser humano, levando-os a cometer “atos” movidos pelo simples desejo de prejudicar, sem que tenha lucro algum.
Simbologia no conto :
Os elementos simbólicos vão compondo o conto e fazendo com que através deles possamos interpretar o conto de várias formas. Todos os elementos simbólicos são muito importantes, e eram pensados por Machado de Assis, de maneira que oferecessem uma leitura plurissignificativa, pois através da análise desses símbolos o conto pode ter várias interpretações.
Começando pelo título, temos o “Conto de Escola”, conto enquanto gênero literário e conto no sentido de enganação, “conto do vigário”.
O nome do personagem principal é “Pilar”, porque representa algo sólido, forte, inabalável, que ainda não foi corrompido.
O nome do mestre é “Policarpo”, (Poli – vários – carpo – frutos), homem de vários frutos.
O papagaio é para Pilar o símbolo da liberdade, expressa o desejo de estar livre, porque o papagaio voa livre pelo céu, enquanto ele está preso dentro da sala de aula na escola, de onde ele vê a “liberdade” pela “janela”, essa representando as grades de uma prisão, de onde ele vê a liberdade, mas não está livre, porque as paredes e a janela são uma barreira, impedindo-o de estar livre, como podemos observar no seguinte fragmento: “... vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu...”, “... um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar, uma cousa soberba”.
A palmatória, ao mesmo tempo que representa a opressão, um instrumento usado para castigar, acaba representando também a liberdade pois estava pendurada perto da janela (símbolo por onde Pilar vê a liberdade), como podemos observar: “O pior que ele podia ter, para nós, era a palmatória”. “... pendurada do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos do diabo”.
A pratinha simboliza o desejo, a ganância, a tentação é o que leva o personagem Pilar à “corrupção”. Para Pilar a pratinha é muito importante, pois ele nunca teve uma, o desejo de tê-la leva-o a aceitar a troca de serviços entre ele e Raimundo. “... era bonita, fina, branca, muito branca...”; “E a pratinha fuzilava-lhe entre os dedos, como se fora diamante...”.
Ao final do conto, o batalhão de fuzileiros acaba simbolizando o restabelecimento da ordem, pois o texto começa com a ordem, passa para a desordem e ao final a ordem é restabelecida. “Na rua encontrei uma companhia do batalhão (ordem) de fuzileiros, tambor (consciência) à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto”. “Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor (consciência)...”.
E Pilar que havia saído de casa para procurar a pratinha que o mestre havia jogado na rua da escola, acaba desistindo e segue o batalhão, ao rufar do tambor, ao final da tarde volta para casa todo sujo, sem a pratinha no bolso, e sem ressentimento na alma. “Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, e depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na Praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem a pratinha no bolso nem ressentimento na alma”.