o que podemos compreender por Islã?
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Resposta: O Islã estabelece um código de conduta, que é o próprio Alcorão. Para os sunitas, além do Alcorão, a Suna, na qual os hadiths ditam o comportamento do Profeta e de seus ditos. A Sharia é a lei islâmica que rege o comportamento e nela os sábios vão buscar fundamentação para qualquer tipo de conduta: alimentação, vestuário, casamento, sexo, prática religiosa etc. Os acontecimentos históricos fizeram com que as religiões, como o cristianismo e o judaísmo, separassem a ordem religiosa da econômica, mas isto não ocorreu no Islã, pois ainda hoje os empréstimos bancários a juros são proibidos e, portanto, é formalmente vedada a especulação financeira."Quem empresta dinheiro a uma outra pessoa e recebe de volta o montante que emprestou mais uma taxa de juros sabe que está procedendo contra a Lei corânica" (:211).
Pace também esclarece a retomada que os teóricos do Islã tentam fazer a partir da idéia de que o Islã entrou em decadência. O primeiro deles, al-Wahhab, pensador árabe, propõe a volta às fontes puras da religiosidade islâmica; esse pensador dá origem a um movimento puritano bem-sucedido no entender de Enzo Pace. O rigor de tal pensamento pode ser encontrado basicamente na Arábia Saudita, inspirando o que conhecemos hoje por wahhabitas.
Outro movimento seria o da Associação dos Irmãos Muçulmanos, fundado por Hasan al-Banna, que carrega a idéia de reformismo e de protofundamentalismo como expõe Pace (:254). A idéia proposta é a de que a arte do movimento possa ter acesso ao poder e imponha um modelo de Estado, inspirado na Lei alcorânica, a partir de um poder popular ramificado dos bairros das grandes cidades aos pequenos povoados.
Dois pontos são importantes e devem ser ressaltados do texto de Pace. O primeiro: a idéia de que se tornou impróprio, dos pontos de vista histórico e geográfico, associar o Islã ao mundo árabe. O segundo: a idéia de que a religião islâmica é una e plural ao mesmo tempo. É possível constatar esta afirmação observando os números sobre a concentração de muçulmanos. A maior concentração encontra-se hoje na Ásia (Indonésia, Paquistão e Bangladesh) e na África Negra (Mali, 80%; Senegal, 86%; Níger, 85%; Guiné, 80%; Somália, 90% etc.).
De acordo com tabela apresentada na página 286, a distribuição de muçulmanos no mundo, em 1993, era a seguinte: Ásia, 800 milhões; África, 255 milhões; Europa, 15 milhões; América, 6 milhões; Oceania, 0,3. Isto corresponde a um total de 1.076.300 bilhão. Só para ilustrar, nos EUA, segundo estudo da BBC News, há 1.200 mesquitas e 6 milhões de muçulmanos (:316). Os números nos ajudam a compreender o crescimento do Islã, muito embora Tietze (2002:7) apud Pace (2005:314) afirme que: "[...] ser muçulmano, hoje, na França ou na Alemanha, não obedece a um programa preciso, a uma prática religiosa coerente ou a uma subordinação a uma comunidade religiosa que impede a expressão individual [...]".
O que é possível constatar é o crescimento do Islã no mundo; impossível mesmo é saber o quanto. Isto até mesmo aqui no Brasil, pois esbarramos com vários marcadores que nem sempre apresentam o número correto ou aproximado. No entanto, a preocupação de Pace é apresentar este Islã plural, com suas contradições, certezas e modos de estabelecer um ethos religioso.
Deve-se concluir que o Islã não é árabe, é mundial, e os próprios números errados ou não apresentam bem essa realidade. Hoje, no Islã, há outras línguas faladas. A língua árabe ficou restrita às orações e, quando estas são realizadas, o plural vira uno, ou uma, como assim estabelecem os muçulmanos.
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